Teatro de rua, a peça do Núcleo Pavanelli, da zona norte paulistana, traça a passagem de personagens no começo rurais, gradativamente inseridos no contexto do trabalho registrado e depois envolvidos diante da opção da greve pela luta por seus direitos, mas sempre explorados pelo patrão que diz apenas cumprir a lei ou a lei não dita do costume que achincalha o trabalhador em prol do capital. Conduzida com diálogos simples e contundentes e com pequena participação da plateia, disposta ao redor da cena em área aberta, entremeada também por danças e músicas e encenações musicais variadas, a peça tem uma mensagem muito simples mas cujo maior mérito é inserir o espectador no contexto da luta de classes sem com isso descambar em cartilha. Mostra-se o preparo circense do grupo, claro na agilidade dos membros e na apresentação de figuras como homem placa com perna de pau, homem soltando fogo e outros. Todos curtem muito o desenrolar das cenas, sempre muito bem representadas e em que membros da plateia são abordados pelos personagens, e participam ao final de uma dança de confraternização da própria posição no contexto da luta de classes. Ao final, a companhia passa o chapéu. Espetáculo extremamente agradável em que parte da graça está mesmo em participar, ora cantando, ora admitindo o fingimento de representar ser boi ou vaca, ora carregando faixas e dançando.
Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm...
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