Pular para o conteúdo principal

rebeca

a rebeca (paola) é muito bonita. isso dá para reparar de chofre (é a primeira na foto de abertura do blog, aqui em cima - eu estou no fim).


lembro-me de quando nossa diretora dizia que ela estava para entrar no grupo. dizia, é loira e linda.

bom, lembro-me também de quando, uma noite nos parlapa, ela me contava de onde vinha e o que queria. ela vem de longe, de lugares em que o teatro, bom, o teatro não existe. sequer pensa existir.

ela contou-me também algo de seus sonhos. são sonhos altos.

poderia tudo parecer história para boi dormir se eu não tivesse visto sua dedicação.

eu me lembro. deitado nas coxias, eu via todo mundo ir e vir. a rebeca, não. ela se postava bem no lugar em que ela ia entrar. ora se aquecia. ora se concentrava. ora preparava a voz. ora descansava. diria que até quando descansava ela se concentrava.

a cena dela exigia bastante. era uma das únicas em que o butô existia em sua expressão máxima. no começo, ela penava. nela, eu não via o butô que tanto aprendi a amar e respeitar. levaram dias para que ela começasse a distorcer o rosto. passei a me interessar. uma noite, a ana nero deu uns toques para ela e para a paloma. ouviram, entenderam. o rosto da rebeca mudou. transmutou-se. era o que faltava.

de tão dedicada, a rebeca pode parecer chata. e vai, É CHATA. mas tudo bem.
lembro-me de quando ela queria impedir que eu voltasse à coxia porque a música não era a correta. isso me irritou um pouco - bastou conversar com o beto para tudo se resolver (como se resolveu). mas não deixei de entender a chatice da rê. ela queria tudo perfeito. ela sempre quer tudo perfeito.

a rê nunca, que eu saiba ou tenha visto, opinou sobre o trabalho dos outros. não por egoísmo, creio. mas por simples preocupação com SUA ARTE, com aquilo que ela própria iria mostrar.

a rê não tentou o cptzinho. disse que ainda não era hora. ela tem muito com o que se ocupar no dia-a-dia, e imagino que a barra seja árdua.

mas dá para ver em seu semblante: é questão de tempo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Gargólios, de Gerald Thomas

Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm

(Em) Branco (de Patricia Kamis, dir. Roberto Alvim, Club Noir, 3as a 5as durante o mês de agosto)

Fui à estreia da segunda peça da leva de oito novos selecionados que o Alvim vai encenar municiado de sua leitura na noite anterior. Esperava ver algo relativamente tradicional e nutria um certo receio de déja vu. A atriz e os dois atores permanecem estáticos em quadrados iluminados por baixo. O caráter estático não se refere apenas ao corpo em contraponto com o rosto, mas também a este, mutável apenas (e repentinamente) por expressões fugazes. Os olhares permanecem fixos. O texto segue a ordem 1, 2, 3 (segundo o Alvim, emissores mas não sujeitos), que eu imaginava que iria entediar. As falas são ora fugazes ora propositalmente lentas e sua relação tem muito a ver com o tempo assumido em um e outro momento. Não irei entrar no âmago da peça. Nem irei reproduzir o que a própria autora, o dramaturgo Luciano Mazza e o próprio Alvim disseram no debate posterior a ela. Direi apenas que durante ela nossa sensibilidade é jogada de um lado a outro num contínuo aparentemente sem fim sem c