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Charlotty (leitura dramática, texto Zen Salles)

demorei para encontrar a sala da leitura, e ela estava logo ali. achei o zen, que ficou feliz da presença, e eis que a bia e o matheus aparecem (ele, lá no palco)

o texto é agil e é narrado em diversos tempos. a curiosidade quanto ao flash back torna-se menor diante do dramatismo que só cresce

charlotty é charles, transexual. formada em direito (lembro-me de foto que vi no face de um cara com vestido se formando, sei lá onde)

não vive da noite (como poderíamos imaginar, repletos de preconceitos)

não vive na promiscuidade (como também poderíamos imaginar)

apaixona-se por homens e mulheres, numa liberdade que dá medo

vemos o desenlace violento

o bate-papo descansa na denúncia e na recusa à intolerância

eu quase digo o quão próximos estamos da barbárie por conhecer gente que ARGUMENTA em favor de racismos. prefiro ficar calado. conheço a nomacce, a canton, e abro-me a pensar o teatro numa perspectiva de que me havia esquecido

a lei do desejo, do almodóvar, abre também espaço a novos universos. assisto o filme no estação caneca e saio correndo rumo a duas peças, ambas já assistidas

vida boa, essa, de navegar em tantos universos, de conviver com gente tão talentosa, de ir aos poucos construindo o meu palácio. sim, o meu palácio

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