Quem me lê sabe o quanto aprecio as leituras que o Alvim e a Galdino fazem do teatro em geral, e dos clássicos em particular. Estou inclusive pleiteando fazer um curso com eles, de interpretação. Tudo bem.
Isso poderia me tornar cego a episódios não tão abonadores em autoria e/ou direção. Mas não é assim.
Tenho comprado e assistido todas as peças do ciclo Dramáticas do Transumano. Todas mais de uma vez. Mas Procurados é exceção.
Não sei se é por causa do estilo dos últimos textos da mostra do Club Noir, ou se de um certo cansaço das soluções encontradas pela companhia para encenar os trabalhos da mostra. Ocorre porém que desta vez não gostei. O Alvim dirá e daí? Daí nada. Simplesmente aqui eu parei.
Por duas principais razões.
Primeira. O texto. Ando cansado de ver espetáculos experimentais em que o texto é povoado de livres associações. É aquele negócio: ou as jogadas textuais nos levam longe (e quando acontece é bem legal) ou simplesmente parecem pretensão. Neste caso, no de Procurado, os recursos soam por demais pretenciosos. Seja nos monólogos dos personagens, seja nos diálogos travados entre eles, seja em suas aparições. Perco-me em tentar realizar conexões que parecem gratuitas. Não me levam a lugar algum, o fato é esse. Cruzo os braços. Cruzo as pernas. Não acredito no que ouço.
Segunda. A encenação. Tudo começa com uma trilha que leva a um meio-oeste selvagem. Apelar para Morricone parece-me banal demais. Os jogos de luzes entre os personagens são interessantes, sim, mas não me animam a refletir em nada mais a não ser sua respectiva relação, e ela não me leva a nada. De repente, aparecem um chef japonês e seu assistente. Fazendo gracinhas que não me soam nada engraçadas. Pretensão? Não sei. Não crio conexão, nem me motivo a criar. Tudo chapado demais. Tudo por demais superficial.
O Alvim ensina que o público muitas vezes se entroniza em juiz de coisas que não entende. Você se meteria a julgar a obra de um engenheiro? Não? Então, por que se meter a julgar teatro somente com base no "gostei" ou "não gostei"? Eu concordo. É preciso estudar. Venho tentando ir nessa direção. Mas minha sensibilidade tende também a ficar amarrotada com esse esforço, e não quero isso, não.
Aqui em Procurados eu me dirijo em outra direção. Não consigo me motivar a gostar do que vejo. Resta a sensação de que a pretensão começa a me afastar de rumos que eu apenas julgava conhecer ou sentir, quem sabe.
Claro que, pensando menos idiossincraticamente, a peça abre espaços à compreensão. Quem é o outro? Quem é o nosso "outro"? Ele existe ou é uma ficção? Ele existe realmente para nós? Há um outro a decifrar? Qual o seu status, ontologicamente falando? Claro, há aqui algo a dizer. E não é pouco.
Claro também que para o desavisado a peça não pode ser contudo tão espinafrada assim. É um espetáculo plasticamente bonito que deixa lacunas a preencher e que pode atrair quem gosta de enigmas a tentar decifrar. Mas para mim contudo resulta um exagero.
Isso poderia me tornar cego a episódios não tão abonadores em autoria e/ou direção. Mas não é assim.
Tenho comprado e assistido todas as peças do ciclo Dramáticas do Transumano. Todas mais de uma vez. Mas Procurados é exceção.
Não sei se é por causa do estilo dos últimos textos da mostra do Club Noir, ou se de um certo cansaço das soluções encontradas pela companhia para encenar os trabalhos da mostra. Ocorre porém que desta vez não gostei. O Alvim dirá e daí? Daí nada. Simplesmente aqui eu parei.
Por duas principais razões.
Primeira. O texto. Ando cansado de ver espetáculos experimentais em que o texto é povoado de livres associações. É aquele negócio: ou as jogadas textuais nos levam longe (e quando acontece é bem legal) ou simplesmente parecem pretensão. Neste caso, no de Procurado, os recursos soam por demais pretenciosos. Seja nos monólogos dos personagens, seja nos diálogos travados entre eles, seja em suas aparições. Perco-me em tentar realizar conexões que parecem gratuitas. Não me levam a lugar algum, o fato é esse. Cruzo os braços. Cruzo as pernas. Não acredito no que ouço.
Segunda. A encenação. Tudo começa com uma trilha que leva a um meio-oeste selvagem. Apelar para Morricone parece-me banal demais. Os jogos de luzes entre os personagens são interessantes, sim, mas não me animam a refletir em nada mais a não ser sua respectiva relação, e ela não me leva a nada. De repente, aparecem um chef japonês e seu assistente. Fazendo gracinhas que não me soam nada engraçadas. Pretensão? Não sei. Não crio conexão, nem me motivo a criar. Tudo chapado demais. Tudo por demais superficial.
O Alvim ensina que o público muitas vezes se entroniza em juiz de coisas que não entende. Você se meteria a julgar a obra de um engenheiro? Não? Então, por que se meter a julgar teatro somente com base no "gostei" ou "não gostei"? Eu concordo. É preciso estudar. Venho tentando ir nessa direção. Mas minha sensibilidade tende também a ficar amarrotada com esse esforço, e não quero isso, não.
Aqui em Procurados eu me dirijo em outra direção. Não consigo me motivar a gostar do que vejo. Resta a sensação de que a pretensão começa a me afastar de rumos que eu apenas julgava conhecer ou sentir, quem sabe.
Claro que, pensando menos idiossincraticamente, a peça abre espaços à compreensão. Quem é o outro? Quem é o nosso "outro"? Ele existe ou é uma ficção? Ele existe realmente para nós? Há um outro a decifrar? Qual o seu status, ontologicamente falando? Claro, há aqui algo a dizer. E não é pouco.
Claro também que para o desavisado a peça não pode ser contudo tão espinafrada assim. É um espetáculo plasticamente bonito que deixa lacunas a preencher e que pode atrair quem gosta de enigmas a tentar decifrar. Mas para mim contudo resulta um exagero.
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