Pular para o conteúdo principal

A Flauta Mágica (teatro filmado) (dir. Bergman)

O filme era um dos últimos a ver do Bergman. Peguei meio relutante por ser a cores (tento me educar aos poucos com o aspecto plástico dos filmes, e as cores em excesso me irritam um pouco).


É uma ópera. E como toda ópera, um espetáculo total. História, música, canto, estórias. A trama começa de um jeito, com cada personagem assumindo um lugar determinado, pelo lado do bem ou do mal. Aos poucos, os lugares mudam e a beleza da trama abre espaços cada vez maiores.

Tamino é um herói salvo do dragão por 3 deusas. Ele é instado por uma rainha a salvar Pamina das garras de Sarastro. Tamino assume seu lugar mas descobre que Sarastro é o pai de Pamina, que a preserva para o escolhido. Tamino mostra-se o escolhido e passa por provações. Supera-as, vence a Rainha e se casa com Pamina. O casal assume o lugar de Sarastro como chefe da seita do local. Enquanto isso, Tamino é ajudado por Papageno, um caçador desastrado, que encontra sua Papagena, após muito penar.

A história não tem muita ação, e isso seria de amargar, se o canto e a filmagem do teatro filmado não superassem qualquer expectativa (eu estava meio desanimado, talvez pela demora para algo acontecer). Impossível não amar a história, impossível não amar o desempenho dos atores-cantores e não se maravilhar com a singeleza da direção. Tudo lindo, maravilhoso.

É com obras como essa que fica claro o quanto o criador precisa se comprometer com o resultado. Não teria ficado maravilhado com o todo se realmente tentações romantizantes ou de outra índole dominassem o espetáculo. A impressão que ficou foi muito forte, realmente muito forte. Minha relutância com teatro filmado ficou lá atrás.

Acompanha o cd um making of, pouco do qual pude assistir.

ps: esse meu post ficou fraquinho, fraquinho. foi o que foi possível fazer. correria

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Gargólios, de Gerald Thomas

Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm...

4.48 Psicose (peça de Sarah Kane, tradução de Laerte Mello)

Há realmente algo de muito estranho e forte nesta última peça da Sarah Kane. E não é porque ela se matou em seguida, aos 28 anos. O assunto é claro desde o começo: uma depressão mortal. É como se fosse um testamento. Muitos lados da questão são expostos de forma esparsa - não sei se todos nem se isso afinal é possível -, e ao final da leitura a gente fica com um sabor amargo na boca. Dá vontade de reler, muito embora passe o desejo de decifrar. Isto torna-se secundário, aqui. Há algo que permanece, e creio que isso se deva à qualidade do que é feito e à integridade do que é dito. Pego por exemplo, já na primeira página: "corpo (...) contém uma verdade que ninguém nunca fala". É óbvio do que se trata: da extrapolação do fisiológico, de uma lógica de que por mais que se tente diagnosticar "nunca se fala". Abre-se uma porta à compreensão disso que não sabemos muito bem o que é. A força de "Lembre-se da luz e acredite na luz/ Um instante de claridade antes da ...

29/7 (a partir de 28) - Teatro e artes

Ontem, ao ouvir o Gerald, quanto a como coloca a musica (depois), e depois ainda, ao ver uma musica passando pela partitura (e me deixando uma impressao de impossibilidade de traducao em algo mais), percebi que a arte finalmente havia voltado a assumir um lugar inextrincavel em mim. Finalmente percebi novamente que ela existia em mim para algo alem da minha vida, e percebi tambem que qualquer motivacao extemporanea (tipo celebridade, valor em si, razao) para ela era, alem de inutil, irrelevante. Percebi isso e na hora me libertei de coisas ao meu redor imensas, que me faziam sentir amargurado por um peso muito grande. Como se eu DEVESSE atribuir algo aa minha vida por me sentir pequeno demais para tudo o que investi nela. Isso fez com que eu tambem entendesse que, quando QUALQUER COISA for bem feita, ja EE arte em si, e por isso mesmo entendi o valor da edicao no cinema, da atuacao, da luz e tudo mais. Tudo adquiriu de repente um valor maior, para alem da vida inclusive.