Pular para o conteúdo principal

Hotel Lancaster (texto: Mário Bortolotto, direção Marcos Loureiro)

Há algum tempo que eu reflito quanto a isso de o Marião ser o herdeiro do Plínio Marcos.

Não estava convencido disso. As tramas eram suburbanas, mas deixavam a dever em tosquidade (ou tosquidão, se é que a palavra existe).

Hotel Lancaster é um texto mais antigo do Marião. E é tosco. Do jeito que eu gosto.

Nem vou contar a trama, que tirará toda a graça a quem for ver. Mas digo apenas que ela é tramada por gente à margem, bem à margem. E que algo em seus caracteres deixa passar algo mais do que a gente pode ver.

Em suma, algo que também vemos no Plínio, ou do que conheço dele.

O Marião irá, creio, reclamar, afinal, cada um é cada um. Até concordo. Só disse o que disse para comentar aquela minha primeira frase.

Os atores, pelo que me disseram, são diferentes nas quintas e sextas dos sábados e domingos, ou das quartas e quintas das sextas aos domingos. Não sei. Mas gosto do que vejo (e vi TRÊS vezes).

O Loureiro faz tudo andar rápido sem ser estabanado e isso me agrada. Os momentos de solidão dos personagens são engraçados pacaralho, e isso pude notar só da última vez (em que senti algo incômodo, não sei por quê. talvez por ter visto tantas vezes).

Feliz ano novo (entende quem for ver).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Gargólios, de Gerald Thomas

Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm

(Em) Branco (de Patricia Kamis, dir. Roberto Alvim, Club Noir, 3as a 5as durante o mês de agosto)

Fui à estreia da segunda peça da leva de oito novos selecionados que o Alvim vai encenar municiado de sua leitura na noite anterior. Esperava ver algo relativamente tradicional e nutria um certo receio de déja vu. A atriz e os dois atores permanecem estáticos em quadrados iluminados por baixo. O caráter estático não se refere apenas ao corpo em contraponto com o rosto, mas também a este, mutável apenas (e repentinamente) por expressões fugazes. Os olhares permanecem fixos. O texto segue a ordem 1, 2, 3 (segundo o Alvim, emissores mas não sujeitos), que eu imaginava que iria entediar. As falas são ora fugazes ora propositalmente lentas e sua relação tem muito a ver com o tempo assumido em um e outro momento. Não irei entrar no âmago da peça. Nem irei reproduzir o que a própria autora, o dramaturgo Luciano Mazza e o próprio Alvim disseram no debate posterior a ela. Direi apenas que durante ela nossa sensibilidade é jogada de um lado a outro num contínuo aparentemente sem fim sem c