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Sobre grupos e mesas de bar


Ontem, durante os ensaios, ouvi algumas coisas que me deixaram alerta.
As consequências: comecei a duvidar daquilo em que acredito - ou não acredito, apenas frequento.
Há grupos por aí em que a ideologia é determinada por todos.
Em outros, há alguns membros que decidem em nome de todos.
Outros grupos são praticamente de posse de um sujeito, que dá forma ao grupo como um todo.
Comecei a me questionar: será que compartilho mesmo da visão de grupos que frequento há alguns meses? Será que não estou mais é preso por amizades ou pela incapacidade de ousar discordar, pura e simplesmente (algo que antes eu não fazia, ou seja, não me calava tanto)? Podem dizer que sou falso por não dizer o que acho. Não sei. Só não quero criar conflito. Além do mais: quem realmente sou eu?
Seja como for, passei também a olhar os afeitos por teatro mais à distância. Sabem, aquelas mesinhas na Roosevelt, aquelas atrizes, atores e simpatizantes que frequentam aquele restaurantes que tanto aparecem nos flyers das peças por aí.
Comecei a me questionar se realmente eu me sinto bem nesses ambientes. De vez em quando eu os frequento, sim. Mas não busco mais ficar até tão tarde sem fazer quase nada.
Houve uma época em que eu queria ser aceito.
Fui aceito. Não me sinto mais tão só.
Mas ontem, durante a conversa, não pude deixar de me questionar: em que ponto estou hoje em relação aos meus sonhos, realmente falando?
Agora há pouco, surgiu uma notícia sobre a Ísis Valverde. Sobre paparazzis etc. Taí. Eu não vejo mais as atrizes e atores com o olhar de fora. Quero agora olhar por dentro. Saber como se viram no palco, na tv, na tela, na telinha, na telona. Estou em busca de algo maior.
Esse algo maior estará em algo que outros defendem por aí?
Tenho a impressão de que não. Por mais que vejo, menos me satisfaço. Há luzes, aqui e acolá, mas só. Nada que faça minha cabeça. Nada que me diga: é por aí!
Devo ter chegado à hora em que, por alguns momentos pelo menos, é preciso nadar sozinho.

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