Assisti este curta há várias semanas, a primeira vez que fui ao Cine Parlapas - indicado pela Marcela Lordy, que apresentou seu primeiro curta por lá - esse que já comentei (não é o "Aluga-se"). Este, de Francisco García, tem Leona Cavalli no "papel" de uma prostituta que admira o "trabalho" de um sujeito que passa a cidade equilibrando-se, não se sabendo bem por quê, e que aparece os mais variados locais, alguns deles realmente estranhos.
Mas aquilo que poderia parecer pueril ou não dar sequer um argumento decente mostra-se um ponto de partida bem profícuo, pois somos colocados às voltas com o desequilíbrio da vida urbana, em última instância. Leona admira o equilibrista mas transita num desequilíbrio tal na vida que faz-nos crer que o que ela busca mesmo é sair dessa condição - e que não consegue.
Cria-se um tal clima de paz budista no sujeito que aparece aqui e acolá que somos levados a sentir uma escondida inveja dele - algo quase inconfessável neste mundo em que precisamos correr atrás de alguma coisa o tempo todo - dinheiro, reconhecimento ou mesmo paz. O equilibrista não corre atrás de nada, ele vive em paz em seu estado de busca do equilíbrio. Ele se equilibra como vive e vive para equilibrar-se.
Claro, o curta não tem trama, sendo assim. E não tem mesmo. O ato do equilibrar-se mostra-se secundário até certo ponto, focados que estamos na sensação de insustentabilidade da prostituta - que nada encontra para colocar no lugar de sua busca.
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