Ontem fui ao velório do Paulo de Tharso. Não era amigo dele, mas sou solidário aos seus amigos, alguns dos quais meus amigos e conhecidos, e ao longe apreciava tudo aquilo que ele era e representava.
Antes desse, o último velório ao qual fui foi o do cineasta e cinéfilo Carlos Reichembach. Lá, eu não conhecia ninguém. Fiquei isolado, esperando o corpo, que não chegava, até que fui embora. Foi meu esforço numa breve homenagem.
É sumamente triste ver gente como eles irem embora. Com seu desaparecimento, fica um vazio em todos nós e na cultura em geral. Fiquei espantado com o fato de o gerente da administradora com quem ficamos 4 horas no condomínio conhecer a vida e obra do Paulo de Tharso. Nunca imaginaria. O cara aparentemente não tem o perfil de quem curte esse tipo de vida-obra.
Isso só prova que a ferida vai muito mais longe do que imaginamos.
Lembro-me de uma cena em especial em que o Paulo dividia com o Nelson Peres um diálogo a mil por hora lá no fundo do palco. O Paulo usava uma camiseta do Motörhead, creio. Amava aquela cena.
Voltando: resta-nos a pergunta, o que fazer, agora? Como preencher esse buraco? Não sei.
Sei apenas que se quisermos ser coerentes conosco e com eles precisamos aprofundar-nos em tudo o que a cultura de todos nós diz respeito. Não podemos deixar a peteca cair.
Eu, de minha parte, mal sei onde estou a respeito. Nado com efusividade, mas aparentemente não me dirijo a nenhum lugar. Azar.
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