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Antro Positivo na Folha ou Enquanto a maré não vem


Lembro-me bem de quando o pessoal da Antro Exposto, a companhia de teatro do Ruy Filho, me convidou à inauguração (ou anúncio da criação) do Centro Cultural Rio Verde, na Vila Madalena. Na época eu queria me intrometer no teatro, sei lá por quê, e não conhecia quase ninguém.
Aos poucos fui-me encontrando.
Um dia, o Ruy me ligou - acho, ou mandou mensagem - me convidando para contribuir, numa crítica a quatro mãos, com a revista online Antro Positivo, que ele havia criado com a Pati, sua esposa. Aceitei, claro. Foram três críticas com amigas dele. Foi uma experiência bem legal.
Não contribuí na última edição da Antro. Mas acompanhei ao longe sua evolução. O Ruy já havia dito no Facebook que a edição 6 (essa) havia superado no primeiro dia tudo o que as outras haviam causado em leituras.
Mas aí eis que ontem, zapeando o portal da Folha, encontro naquele espaço que muda a toda hora menção à revista, com base na campanha que eles, o Ruy e a Pati, criaram em nome da liberdade (de amor, de arte, de tudo). Mandei uma mensagem a ele, parabenizando-o.
É bem legal ver gente que conheço mandando ver por aí. O Ruy é competente para caralho nisso que faz, críticas, aulas, peças, o escambau, e merece bastante. Mas por alguma razão eu também me sinto meio estranho. Como se o mar começasse a chegar até mim. Como se vislumbrasse uma saída nessa minha trajetória insossa.
Explico. Fiz peças que quase ninguém viu (em festivais). Faço oficinas com quase ninguém. Escrevo sobre teatro num blog que poucos acessam - mas poucos fiéis, pelo que noto. Uma trajetória conduzida à sombra de tudo o que acontece.
Admito. Busco uma visibilidade. Gosto que me reconheçam. Mas o preço a pagar é alto. Num dia desses, fui ameaçado por uma diretora, que não gostou de algo que falei - nem me lembro bem o quê. Outro cara deixou de ser amigo no Face porque não disse ter adorado uma peça escrita e dirigida por ele.
O anonimato traz tranquilidade. O anonimato protege. Não nos sentimos sendo conduzidos pelas ondas do mar. Andamos onde mais nos convém. Um dia desses com certeza meu trabalho começará a ser reconhecido - já o é, até certo ponto. Mas tão logo isso aconteça acho que perderei a liberdade que me faz sentir tão livre e solto, sujeito a influências que mal sei por quê nem como me atingem.
Mas por enquanto, palmas ao Ruy e à Pati. Eles merecem.

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