Eu já tinha tido vontade de assistir ao espetáculo do Dagoberto e Danilo várias vezes, mas por distância (Barra Funda) e tempo desistira também diversas vezes. Não havia, porém, deixado de lado essa vontade. A apresentação da peça na Virada Cultural serviu como oportunidade única para isso.
A plateia lotou para ver o espetáculo. Tive que pegar uma cadeira de plástico lá ao fundo e me dispor a encher um espaçozinho vago lá na frente para assisti-lo. Eu estava especialmente interessado em ver o Danilo, ator que acompanho há vários anos e que conheci por meio do espetáculo As Três Velhas, do Alejandro Jodorovski, que vi no Centro Cultural São Paulo há alguns anos e por meio do qual conheci o pessoal do Bartolomeu e todos os outros.
Eu não imaginava que o espetáculo iria começar dessa forma nem que iria transcorrer como transcorreu. Começou ele com o Dagoberto, sobre o qual já tinha ouvido falar muito, cantando fora do palco e motivando as pessoas a "entrarem" em cena.
A trama, se é que pode ser chamada assim, é extremamente simples. Danilo faz um fã do palhaço interpretado por Dagoberto, e este, ao mostrar-lhe as agruras de ser palhaço, sempre de forma bem pouco dramática, envolve-o para que abandone sua vidinha de gerente de loja de sapatos para tornar-se palhaço, ocupando o lugar dele.
Os diálogos da peça, bastante engraçados, mas ainda mais pelos recursos que Danilo utiliza para "comprovar" a incapacidade do seu personagem de transmutar-se em algo mais que um medíocre gerente recém-separado, nos fazem entrar na pele do Danilo e ao mesmo tempo nos afastam da dramaticidade imaginada do ofício de Dagoberto. Vemos o Danilo se contorcer com as provocações do outro e sofrer com as demandas cada vez mais patéticas que Dagoberto faz a ele. Ao final, Danilo NÃO se torna palhaço - o que seria um desenlace previsível, mas resta como um ser em desconstrução.
Eu já imaginava que a peça seria muito engraçada, e foi. Mas não imaginava que ela fosse tão simples, ou tão aparentemente simples, pois sei de mão própria como o ofício do palhaço exige de quem está no palco e como existe sempre a possibilidade de tudo dar errado. No caso dos palhaços, erros consecutivos não fazem a plateia simplesmente sair confusa, mas irritada quando, contrariamente às expectativas, não consegue rir. Nada pior que um palhaço não engraçado - e não é isso o que aconteceu no palco da Virada.
Amei o resultado.
A plateia lotou para ver o espetáculo. Tive que pegar uma cadeira de plástico lá ao fundo e me dispor a encher um espaçozinho vago lá na frente para assisti-lo. Eu estava especialmente interessado em ver o Danilo, ator que acompanho há vários anos e que conheci por meio do espetáculo As Três Velhas, do Alejandro Jodorovski, que vi no Centro Cultural São Paulo há alguns anos e por meio do qual conheci o pessoal do Bartolomeu e todos os outros.
Eu não imaginava que o espetáculo iria começar dessa forma nem que iria transcorrer como transcorreu. Começou ele com o Dagoberto, sobre o qual já tinha ouvido falar muito, cantando fora do palco e motivando as pessoas a "entrarem" em cena.
A trama, se é que pode ser chamada assim, é extremamente simples. Danilo faz um fã do palhaço interpretado por Dagoberto, e este, ao mostrar-lhe as agruras de ser palhaço, sempre de forma bem pouco dramática, envolve-o para que abandone sua vidinha de gerente de loja de sapatos para tornar-se palhaço, ocupando o lugar dele.
Os diálogos da peça, bastante engraçados, mas ainda mais pelos recursos que Danilo utiliza para "comprovar" a incapacidade do seu personagem de transmutar-se em algo mais que um medíocre gerente recém-separado, nos fazem entrar na pele do Danilo e ao mesmo tempo nos afastam da dramaticidade imaginada do ofício de Dagoberto. Vemos o Danilo se contorcer com as provocações do outro e sofrer com as demandas cada vez mais patéticas que Dagoberto faz a ele. Ao final, Danilo NÃO se torna palhaço - o que seria um desenlace previsível, mas resta como um ser em desconstrução.
Eu já imaginava que a peça seria muito engraçada, e foi. Mas não imaginava que ela fosse tão simples, ou tão aparentemente simples, pois sei de mão própria como o ofício do palhaço exige de quem está no palco e como existe sempre a possibilidade de tudo dar errado. No caso dos palhaços, erros consecutivos não fazem a plateia simplesmente sair confusa, mas irritada quando, contrariamente às expectativas, não consegue rir. Nada pior que um palhaço não engraçado - e não é isso o que aconteceu no palco da Virada.
Amei o resultado.
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