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O subtexto

A primeira menção minha ao conceito de subtexto deveu-se anteriormente ao fato de saber o que ele realmente significa.
Foi quando disse que o Luís Capucho não tem subtexto. Eu não sabia o que era subtexto, eu mesmo criei o conceito.
Mas ele já existia. No caso do teatro, é aquilo que está atrás (quando o Loureiro me diz entrar através do texto), lá atrás do texto. É aquilo que realmente passa ao espectador. O mais importante. O que faz chorar.
Eu já usei subtextos de diversas formas, em meus textos para teatro. Mas não sabia que eram eles que "batiam". Eu achava que era o texto.
Não à toa não consegui encenar o texto que o Loureiro cedeu à Lê e eu semana passada. Só na hora eu "vi" o que "havia lá". Eu disse isso ao Loureiro, que riu muito.
Agora eu embarco em tentar decorar o texto com outra intenção. Com a do subtexto. Estarei eu fingindo, nesse caso? E não apenas atuando?
Por que isso é tão importante para mim? Porque para mim atuar não é fingir. E se eu busco passar subtexto então aí sim eu estarei fingindo.
Percebem a dramaticidade da coisa para mim?
Pois é.

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