Pular para o conteúdo principal

"Te vejo por aí" (de Jarbas Capusso Filho, direção de Marcos Loureiro)

Fui apresentado pela primeira vez aos textos do Jarbas pelo próprio Loureiro numa oficina em que ele usou "Meu cão gosta de bebop" como texto para ensaio.
O Jarbas tem um texto ágil e bem-humorado, como vários de nossos colegas, mas também tem a característica de dar vazão ao aprofundamento dos personagens, em caso de o ator querer ir bem mais longe.
A peça-cena de Jarbas trata do encontro na casa de um amigo de um cara com um tumor que está arrumando os livros para ir embora - quando ao final não leva nada. Foi interessante ver como os caras resolveram o desafio dos livros no palco (a cena anterior tinha dezenas deles).
Um dos amigos, vestido de Batman - por causa de um emprego num supermercado -, muito animado com alguma coisa - ou porque ele é mesmo assim, tenta animar o tempo todo o outro amigo. Até surgir a deixa do tumor e tudo parece assumir ares de déja vu. Sabemos o fim. Só não sabemos como será.
Eles se despedem. Duas vezes. Batman chora.
Por vezes, fiquei meio desatento, algo havia que me levou a isso. Mas foi legal, gostei. Cheguei a quase me emocionar.
O pessoal do Quinta em cena só dá socos no estômago. Poxa vida.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Gargólios, de Gerald Thomas

Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm

(Em) Branco (de Patricia Kamis, dir. Roberto Alvim, Club Noir, 3as a 5as durante o mês de agosto)

Fui à estreia da segunda peça da leva de oito novos selecionados que o Alvim vai encenar municiado de sua leitura na noite anterior. Esperava ver algo relativamente tradicional e nutria um certo receio de déja vu. A atriz e os dois atores permanecem estáticos em quadrados iluminados por baixo. O caráter estático não se refere apenas ao corpo em contraponto com o rosto, mas também a este, mutável apenas (e repentinamente) por expressões fugazes. Os olhares permanecem fixos. O texto segue a ordem 1, 2, 3 (segundo o Alvim, emissores mas não sujeitos), que eu imaginava que iria entediar. As falas são ora fugazes ora propositalmente lentas e sua relação tem muito a ver com o tempo assumido em um e outro momento. Não irei entrar no âmago da peça. Nem irei reproduzir o que a própria autora, o dramaturgo Luciano Mazza e o próprio Alvim disseram no debate posterior a ela. Direi apenas que durante ela nossa sensibilidade é jogada de um lado a outro num contínuo aparentemente sem fim sem c