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ovelhas

hoje tem peça. segunda semana.
ovelhas que voam se perdem no céu, de daniel pellizzari, convida a que nos vejamos mais de perto ou mais de longe, a que nos encaremos, a que nos digladiemos face nós mesmos para quem sabe com isso melhor aceitarmos. o quê?
quem seriam as ovelhas?
o rebanho ao dispor de pastores?
nós, enquanto seres perdidos?
sei apenas que meus papéis demandam um esforço hercúleo. digo, mais o primeiro.
faço um maconheiro nas últimas.
interessante eu me jogar na cadeira sem nenhuma intenção aparentemente a dar as caras.
enquanto eu interrompo e saio do torpor - momentaneamente - para depois cair de novo.
eu tenho muita dificuldade de decorar. algo explicado por.
e são poucas falas. quantitativamente poucas.
fato é que, enquanto não são ditas, as palavras a gravar me são tão expressivas quanto um parafuso.
e quando o são - ditas -, tornam-se areia a modelar. normalmente a posteriori. pois muitas vezes dizemos que iremos fazer isto e SAI aquilo.
recebi dicas do marião e do nelsinho. para tentar aproveitar melhor a cena. para dizer mais. para sair do mecânico.
não lhes digo o quão difícil é fazer tudo. até porque não importa. importa que eu consiga. e consigo.
bom, serviço.

ovelhas que voam se perdem no céu
de daniel pellizari
adaptação de mário bortolotto
direção, sonoplastia e iluminação também do marião
elenco: uma galera bacana
onde: rua frei caneca, 384
quando: hoje, sexta, 21h30
aceita cartões de débito

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