Sou convidado pela Gabriela, que conheci por intermédio do Ruy Filho. Fizemos, há meses, uma crítica a quatro mãos para a Antro Positivo. Depois, não nos encontramos mais. Fiquei sabendo da peça de sua autoria. Fui curioso. Acabando de ler a resenha crítica da Época São Paulo, reflito agora - após vários dias de ver a peça, inclusive após a Virada Cultural - naquilo que pude SENTIR do que vi. Que a encenação é minimalista e de índole beckettiana, basta um olhar para entender. Mas há mais aqui. Em última instância, o que existe em cena? Uma mulher nua lá ao fundo, envolta em fumaça e com uma luz que faz as vezes de movimento. Uma mulher do lado esquerdo, vestindo um casaco verde, em diagonal (não é possível ver-lhe o rosto), envolta em fumaça, com uma luz que lhe aumenta ou diminui o porte durante o transcorrer da peça. Que é um texto onipresente, quase sempre em primeira pessoa, narrando o inenarrável; aspectos da vida que optamos por manter escondidos em nós mesmos. As afinidades ...
Foto: Kenn Yokoi