Sou suspeito também para falar sobre o trabalho do dançarino Diogo Granato e trupe, que acompanho há vários anos. Recentemente fiz oficina de Dança Artesanal, que é como ele batizou seu método, e adorei tanto que não vejo formas de treiná-la e encená-la (algo que fiz, com todas as limitações, em Guarulhos recentemente, com a participação de Felipe Cirilo, Brenda e Natália).
Stardust é um espetáculo que diz claramente a que veio:a homenagear o camaleão David Bowie, que anda sumido mas que nem por isso desaparece de nosso imaginário (um parênteses de ordem pessoal: acostumado a odiar o trabalho de Bowie por causa de minha irmã, que não parava de tocá-lo nos anos 80 e 90, agora resolvi enfrentá-lo sem saber sinceramente aonde isso poderia me levar).
O espetáculo é singelo: tomados por glitter, os dançarinos de Silenciosas e G t’aime desenvolvem um trabalho de reminiscências retiradas dos principais hits de Bowie usando uma enorme projeção e o acompanhamento solar de Ramiro Murillo.
Não tenho capacidade para comentar a dança em si. Mas digo o que retirei de tudo o que vi: uma vontade louca de realizar um vôo para o passado para tentar reviver isso que eu não vivi, qual seja, o prazer de sopesar minhas sensações pelo universo do Ziggy Stardust, mais que morto e enterrado, mas do qual muito se originou, muito do que vemos por aí. Um detalhe que não vale deixar passar é o fim, em que os dançarinos mostram o profundo envolvimento de todos os corpos por todos os corpos, seja lá de que sexo sejam ou quais suas pulsões internas. É libertador ver como o sexo não mais está dominado pelo desejo de domínio, mas ao contrário, absolutamente superado pela vontade de gozo. Quem não viu, não verá mais.
PS: Em tempo, o Diogo diz que vai voltar. Eba.
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