Já me acostumei (o que pode ser algo negativo) à recente forma de exposição das peças de Ésquilo pelo diretor Roberto Alvim. As Suplicantes e Os Persas já haviam adotado a forma minimalista de um cenário estático (em todos os sentidos), o que se repete em Sete Contra Tebas. Só isso poderia dar a impressão de um déja vu. Isso é em parte verdadeiro. Mas apenas em parte, porque sem conhecer o texto (não havia também lido As Suplicantes), cuja tradução não tenho encontrado por aí, parti de um ponto inseguro: a travessia sem carta de navegação. Eu achava que era necessária, até assistir o espetáculo. Confesso que por causa disso entrei no recinto com certa relutância, com grande medo de ficar a ver navios (como aconteceu com As Suplicantes). Sempre sentado na primeira fileira, porém, fui aos poucos conduzido pelos relatos numa trama desconhecida cujo final acabou por me soar enigmático. Com um ator de frente, bem rente à plateia, uma atriz do lado direito, voltada para o centro do quadrado, uma outra atriz ao fundo, também à direita, fora do quadrado, um ator à esquerda à frente, voltado para o centro e por último outro ator ao fundo à esquerda, voltado ao centro, fui submetido com ainda maior competência à trama, que consiste na invasão de Tebas por um povo cuja origem não captei. Interessa que a batalha se dá entre 7 guerreiros de um lado e 7 de outro, em 7 portas, guardadas e abertas para as lutas. Começa com o homem à frente localizando a trama e os fatores envolvidos, com a atriz à frente à direita com lamentações, e o ator ao fundo explicando aspectos do conflito. Os guerreiros de ambos os lados são expressos pelo homem ao fundo, e a guerra acontece sem aparentemente nada acontecer – o que para mim é maravilhoso. No meio da peça, o homem à frente se move rumo ao fundo do palco, em movimentos cadenciados e lentos que dão o devido peso ao tempo e ao espaço. Enquanto isso, a mulher à direita dirige-se ao centro do palco. Os gritos de lamento dessa mulher, antes dos movimentos do homem à frente, emocionam novamente e permaneço numa linha fina que preciso preencher com algo que dê substância à minha pertença ao local. A trama é revelada e novo conflito expresso. Não irei dizer o final. A peça, como as outras, termina com o apagar da luz num movimento expressivo de um dos atores, e deixa a impressão que já me deixou apaixonado pelo método do diretor nessa leva de peças do primeiro de nossos autores. Novamente maravilhoso – não o digo ao Alvim por discrição, apenas.
Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm
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