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(Em) Branco (de Patricia Kamis, dir. Roberto Alvim, Club Noir, 3as a 5as durante o mês de agosto) (novamente)

Assisti a estreia de (Em) Branco na terça e voltei na quinta. Haviam ficado muitas linhas de força a explorar, muito havia ficado em suspenso. Sendo que nem havia adiantado ler a peça antes da encenação.
As referências à pop art agora estavam mais patentes – eu não sou muito chegado àquele movimento. O caráter atomizado dos sons agora dizia mais à minha mente e ao meu corpo.
Com o decorrer do texto, foi-se tornando mais e mais familiar “o quê” da peça. Tudo foi, não diria encaixando, mas aparentando conexões aqui e acolá. A multiplicidade de sujeitos tornou-se agora patente, assim como as acepções do que estava sendo dito. Isso sem contar que eu achava mais engraçado o desenlace de esboços de tramas e subtramas.
Ao meu lado, ator bem conhecido parecia atordoado. Terminada a peça, os aplausos foram puxados mais pelo pessoal lá do fundo. Tendo a concordar com o fato de que a aplausos, na atual conjuntura das coisas, não dá mais para dar tanta importância. Pois pouco importam para esses que avançam sem guia em direções insuspeitadas por tanto respeitarem quem os precederam.

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