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IMortalidade

Hoje passei o dia inteiro com as músicas de Dias e Noites, a peça que fiz desde setembro até ontem, na cabeça.
Principalmente as músicas que embalam a cena do James Dean encarnado pelo Eldo contracenando com a Tereza (Gabriela Fontanell).
Engraçado. A peça já se foi quase por completo - encenaremos uma última vez nas Satyrianas, sábado às 1h30 -, mas é como se ainda permanecesse. Pois permanece.
Sempre entendo que os momentos marcantes em nossas vidas não desaparecem. Que as próprias pessoas envolvidas nesses momentos como que se tornam dessa forma imortais, e não estou cometendo um jogo de linguagem. É real.
O aprendizado foi tamanho que mal dá para contá-lo e rememorá-lo para mim mesmo. A percepção e vivência do lado de dentro do palco parece ser, atualmente, para mim, muito mais do que qualquer elucubração bem desenvolvida em busca de algum protagonismo vanguardista latente. É mais arrebatador encontrar o tom certo para uma fala do que simplesmente bolar algum efeito estratosférico que vá convencer alguém de nossa pretensa genialidade.
Ontem falava ao Loureiro sobre isso. Mas não bem sobre isso. Sobre algumas conclusões que tenho - e que discordam das dele - e sobre algumas limitações a que meu próprio corpo está sujeito.
Agora ensaiamos a peça da Rê e eu nas Satyrianas. Em busca de uma nova praia expressiva. Em busca de uma saída.

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