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Conduzindo conduzido

Ontem fui a Chapecó, SC. Cobrir a visita de uns russos a um grande fabricante de caminhões frigoríficos.
Eu já me acostumei a galpões imensos em polvorosa. Dessa vez, parecia uma déja vu.
Quase todos os russos não sabiam sequer algumas palavras em inglês.
E, se querem saber, quase todos estavam vestidos como se estivessem em férias - o que de certa forma era verdade, pois a seguir foram fagueiros rumo ao Rio de Janeiro.
Conhecemos bastante gente legal, dentre eles o vice-prefeito da cidade, que me animou mais um pouco com respeito a política - uma de minhas maiores paixões.
Mas é um trampo chegar na cidade. Sair de Congonhas rumo a Viracopos rumo à cidade. Mas reparei por outro lado que grande parte dos presentes no avião pareciam seguir a mesma via - ou seja, conexões e mais conexões.
Acabei me cansando bastante, embora durante a visita eu tenha me sentido nadando da braçada. As novidades vieram por meio de perguntas mais aprofundadas com respeito a sistemas de fabricação das caçambas refrigeradas.
Esse périplo quase fez com que eu me esquecesse de todas as minhas - outras - paixões. Sociologia, Filosofia, Teatro (dramaturgia, atuação, direção), etc.
Bastou desembarcar no trampo, no dia seguinte, para essas paixões me chamarem de volta a elas mesmas. Sinto-me como se fosse um objeto sendo conduzido para lá e para cá.
Durante o vôo de ida, conversei com um amigo empresário e ele me perguntou quando irei escolher, dentre tantas paixões. Fiquei sem jeito. Não me sinto no dever de escolher. Mas por outro lado seria bastante prudente fazê-lo.
Pouco importa. Não devo porém me esquecer que sou eu quem conduz e não sou quem é conduzido.

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