Tenho "perdido" boa parte das minhas noites assistindo Amor à vida. Isso nunca aconteceu. Eu, ver novela? Jamais imaginaria. Ontem, não poderia ter sido diferente. Além do que era um momento chave na trama toda. O desmascaramento de Félix.
Não vou fazê-los bocejar comentando a trama de forma rasteira. Opinando se o Félix merecia, se foi um bate-boca excessivo, se parece novela mexicana, nem outros quejandos.
Vou falar sobre as reações do Félix.
Era legal vê-lo troçar do pai quando do começo da cena. Usar as armas do sarcasmo é típico de gente como ele, mas ao mesmo tempo era temerário vê-lo puxar a corda até ela esticar. Ele com toda certeza havia se esquecido do mal de ter jogado a Paulinha na caçamba. Podem crer, ele com toda certeza achava-se inocente - ao menos naquele momento. Quem comete muitos males acaba esquecendo-se deles - até porque é conveniente.
Mas aí, com a tacada certeira do Fagundes, e a recepção da Paloma, o semblante do Félix mudou. Ele não gostava do que via - ser atacado, ainda mais por ela, Paloma, que ele tanto odiava. Ele sentia o mar virar contra ele. Ele sentia o começo dessa tendência marítima, digamos. Mas aí ele começou a troçar de tudo - da cena -, chamando-a de circo de horrores, assumindo o papel de vítima numa trama sórdida. Ou seja, ele negou pela via da desqualificação. Mas, por outro lado, olhando-o bem, dava para ver que ele acreditava mesmo nisso, nesse negócio de trama sórdida. Por quê? Porque quem pensa com maldade vê a maldade especialmente nos outros. E tão logo ela - a maldade, ou o medo por causa dela - é abandonada, tudo assume outras cores. Pois bem. Mas Félix não abandonava seu jeito de pensar o mundo.
Aí chegaram as testemunhas. Mais motivo para troça de Félix. Não sabendo claramente a que isso se referia, ele contudo começava a apresentar sinais de loucura. Confundia tudo, tentava segurar a travessa de sua argumentação que tombava por todos os lados, apelava à Mami poderosa, até o momento em que a acusação foi feita.
Aí Félix pirou. Não aceitava mais nada do que acontecia. Gritava negando, implorando, segurando até o fim uma argumentação frágil, tentativas de absolvição, dizendo que ele não poderia ter feito isso, que ele jamais teria sido aquilo. Ele estava a ponto de ter a cabeça decepada.
Aí o Fagundes mostra o tecido com o sangue da Paloma. Tudo cai por terra. Dava para ver no olhar de Félix a lembrança do mal que havia cometido - e do qual ele havia se ESQUECIDO - e as cortinas do espetáculo se fechando para dar lugar a um esquartejamento privado. (Lembram da cena final de Era uma vez no Oeste?, com o Fonda?) Não havia mais argumento.
Félix estava agora face ele mesmo. Não sabia o que fazer. Todos os argumentos eram falácias. Todas as armas, súplicas sem razão de ser. Félix estava diante dele mesmo. E foi aí que ele disse, gritando, a todo pulmão, parando tudo o que acontecia - vejam, se ficasse por aí eu nem comentaria isto aqui -, e aí ele admitiu. Com raiva. Admitiu com todo o mal que tinha por dentro.
Mas ele queria com isso ABSOLVIÇÃO. Daí assumir o papel de menino sem amor, de garoto jogado aos leões, por causa do desprezo do Fagundes. Houve momentos em que as pessoas pararam mas rapidamente voltaram ao momento inicial. Nada justificava. É aí que Félix cai, chutando, quebrando cadeiras, esparramando-se pelo chão. Como um menino que não teve sua vontade atendida. Ele no fundo continua sendo um menino - mas extremamente mau.
Não irei comentar as porradas da Paloma no Félix nem nada mais, que não me interessam.
Interessa que hoje, no próximo capítulo, Félix se verá com Mami poderosa, e - como as chamadas fazem crer - diante de si mesmo. Sabem? Ele não vai ceder. Não vai. Não pode.
A não ser que o carrasco o transforme, ao final, num Santo Agostinho. Vai saber.
Escrevi tudo isso para argumentar que a gente pode aprender de tudo, até de novela. Eu estava errado.
Não vou fazê-los bocejar comentando a trama de forma rasteira. Opinando se o Félix merecia, se foi um bate-boca excessivo, se parece novela mexicana, nem outros quejandos.
Vou falar sobre as reações do Félix.
Era legal vê-lo troçar do pai quando do começo da cena. Usar as armas do sarcasmo é típico de gente como ele, mas ao mesmo tempo era temerário vê-lo puxar a corda até ela esticar. Ele com toda certeza havia se esquecido do mal de ter jogado a Paulinha na caçamba. Podem crer, ele com toda certeza achava-se inocente - ao menos naquele momento. Quem comete muitos males acaba esquecendo-se deles - até porque é conveniente.
Mas aí, com a tacada certeira do Fagundes, e a recepção da Paloma, o semblante do Félix mudou. Ele não gostava do que via - ser atacado, ainda mais por ela, Paloma, que ele tanto odiava. Ele sentia o mar virar contra ele. Ele sentia o começo dessa tendência marítima, digamos. Mas aí ele começou a troçar de tudo - da cena -, chamando-a de circo de horrores, assumindo o papel de vítima numa trama sórdida. Ou seja, ele negou pela via da desqualificação. Mas, por outro lado, olhando-o bem, dava para ver que ele acreditava mesmo nisso, nesse negócio de trama sórdida. Por quê? Porque quem pensa com maldade vê a maldade especialmente nos outros. E tão logo ela - a maldade, ou o medo por causa dela - é abandonada, tudo assume outras cores. Pois bem. Mas Félix não abandonava seu jeito de pensar o mundo.
Aí chegaram as testemunhas. Mais motivo para troça de Félix. Não sabendo claramente a que isso se referia, ele contudo começava a apresentar sinais de loucura. Confundia tudo, tentava segurar a travessa de sua argumentação que tombava por todos os lados, apelava à Mami poderosa, até o momento em que a acusação foi feita.
Aí Félix pirou. Não aceitava mais nada do que acontecia. Gritava negando, implorando, segurando até o fim uma argumentação frágil, tentativas de absolvição, dizendo que ele não poderia ter feito isso, que ele jamais teria sido aquilo. Ele estava a ponto de ter a cabeça decepada.
Aí o Fagundes mostra o tecido com o sangue da Paloma. Tudo cai por terra. Dava para ver no olhar de Félix a lembrança do mal que havia cometido - e do qual ele havia se ESQUECIDO - e as cortinas do espetáculo se fechando para dar lugar a um esquartejamento privado. (Lembram da cena final de Era uma vez no Oeste?, com o Fonda?) Não havia mais argumento.
Félix estava agora face ele mesmo. Não sabia o que fazer. Todos os argumentos eram falácias. Todas as armas, súplicas sem razão de ser. Félix estava diante dele mesmo. E foi aí que ele disse, gritando, a todo pulmão, parando tudo o que acontecia - vejam, se ficasse por aí eu nem comentaria isto aqui -, e aí ele admitiu. Com raiva. Admitiu com todo o mal que tinha por dentro.
Mas ele queria com isso ABSOLVIÇÃO. Daí assumir o papel de menino sem amor, de garoto jogado aos leões, por causa do desprezo do Fagundes. Houve momentos em que as pessoas pararam mas rapidamente voltaram ao momento inicial. Nada justificava. É aí que Félix cai, chutando, quebrando cadeiras, esparramando-se pelo chão. Como um menino que não teve sua vontade atendida. Ele no fundo continua sendo um menino - mas extremamente mau.
Não irei comentar as porradas da Paloma no Félix nem nada mais, que não me interessam.
Interessa que hoje, no próximo capítulo, Félix se verá com Mami poderosa, e - como as chamadas fazem crer - diante de si mesmo. Sabem? Ele não vai ceder. Não vai. Não pode.
A não ser que o carrasco o transforme, ao final, num Santo Agostinho. Vai saber.
Escrevi tudo isso para argumentar que a gente pode aprender de tudo, até de novela. Eu estava errado.
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