Acabo de reler uma
peça já considera clássica no cânone do teatro contemporâneo brasileiro, tendo
em vista assistir uma nova montagem do texto, e cheguei a uma conclusão que vai
irritar algumas pessoas, alguns amigos, e quem sabe alguém mais.
Refiro-me a
"Navalha na Carne", do todo-poderoso Plínio Marcos.
O Louro (Marcos
Loureiro) está assinando uma nova direção do texto, que está passando num
teatro lá da Vila Romana - longe, bem longe para mim -, e pretendo ir até lá
para conferir. Foi para sentir o drama que peguei o texto, que comprei há
bastante tempo, nessa coletânea que indico aqui e que inclui outros clássicos,
mas acabei me decepcionando - um pouco, pelo menos.
Gosto de teatro cru.
Gosto dessas peças que pegam bem no estômago, que causam engulhos e até certa
repulsa. Vejo nos momentos dramáticos de peças desse tipo algo que me agrada,
justo a mim que numa determinada época li quase tudo o que havia à disposição
sobre crimes, traições e mundo cão. Gosto mesmo, embora também goste de algumas
outras coisas.
Mas, tirando alguns
achados no meio das frases, lá no subtexto do que é dito, não vi muito que me
agradasse nesse clássico que surgiu e feneceu - por pouco tempo - durante nossa
ditadura recente. Achei a trama insossa, a relação entre os personagens
relativamente esgarçada - claro que dá para ver muita coisa interessante entre
Vado e Neusa Sueli -, e pouco do que tirar proveito para alcançar novos ares,
novas alturas dramatúrgicas que possam nos enlevar para além do ramerrão de
sempre. Acabei chegando a essas conclusões contrariamente a minhas
expectativas, que eram bastante elevadas. Mas que coisas, foi o que aconteceu.
O que terá
acontecido? Estou sendo chato? Meus critérios são externos ao real mérito de
tudo? O mundo mudou? Buscamos crueza ainda maior? Estou insensível àquilo que
mais interessa? O texto está cansado? Não sei. Sinceramente não sei.
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