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Kott, Dramas históricos de Shakespeare, Mamet e Bunge

Acabo de comprar a Caros Amigos de AGOSTO deste ano. Vejam, nem acabou julho. Isso seria simpático, apenas, se a revista não tivesse sido encontrada aqui em Taboão da Serra, onde tudo chega atrasado, quando chega, e se ela - a revista - não dissesse respeito à JUSTIÇA. Pois reflito. Estou assistindo Lutero, filme cuja distribuição é financiada por entidades de âmbito religioso diverso, e ele tem me causado uma confusão dos diabos. Pois por um lado algo em mim exige subserviência à autoridade - e ele, Lutero, só seguia a razão e por isso dividiu o mundo -, ao passo que algo me leva à rebelião - pois sempre há muita autoridade que exige ser dispensada -, enquanto outro tanto me leva ao acordo - pois não sou beligerante. Não consigo me decidir a respeito de nada - embora meu sofrimento ao ver o filme tenha diminuído -, e enquanto isso leio o bardo e comentadores - Kott - do dito cujo. E finalmente as sinapses parecem surtir efeito, consigo ligar uma coisa à outra - e pela leitura de obras menores, como Ricardo II (sim, II, não III). Enquanto deixo-me levar pelo revolucionário que foi aceitar algo de Duchamp e por sua vez entendo que o Mamet tem alguma razão ao fazer o teatro cair do cavalo em seu Teatro. Singelo livro, mas claro e pé no chão - sinceramente, não sei como resistir a ele. Como se não bastasse tudo isso, deixo-me levar também pelo Dicionário de Filosofia de Bunge, que parece de forma clara colocar os pingos nos is com respeito a temas os mais diversos, que preciso conectar na medida em que acredito, realmente acredito, na ciência - embora não tenha nada de Iluminista, feliz ou infelizmente, e por sua vez leio romances de índole suburbana imaginando roteiros a partir deles - sendo que deles já devem existir filmes sem conta. Nem vou dizer que livros são esses, mas saibam que até Nostradamus ando encarando.


É muito estranho, tudo. Quanto mais me motivo a sair e a experimentar o mundo tal como ele se apresenta a gente que vive a vida, mais me contento em ler e refletir aqui comigo sobre assuntos que há muito vêm deixando marcas em minhas expectativas de vida. Como pensar diferente, se sou um cara que não pára de ler e de refletir, enquanto pensa em mudar o mundo a partir das pessoas? Pois vejo que ontem, durante o sarau da Ivone sobre Ginsberg, tentei - e foi difícil - fazer com que sentíssemos o outro - e creio que não conseguimos -, mas por outro lado fiquei relativamente satisfeito ao ver que tudo poderia ser muito mais simples do que aparentava. Pois não dá para se deixar levar pelo teatro ou coisa que o valha. O mundo é muito maior que ele, e Mamet mesmo me apoiaria na convicção de que é preciso primeiro cuidar da nossa casa para depois até pensar em fazer algo com nossos desejos. Pois ao que parece é aí que é a pegada - no desejo. Querer mais do que poder. É estranho.

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