Whisky e Hambúrguer (de: Mário Bortolotto, direção Mário Bortolotto; com Patrícia Vilela e Mário Bortolotto)
Eu havia pedido. O Marião me mandou então o texto da peça antes de vê-la ontem, na estreia em São Paulo.
Mal imaginaria que ela iria me causar uma síncope. Não exagero. Eu comentei com ele: pôxa, Marião, justo sobre isso e comigo aqui, assistindo de camarote? Pois é. Ele comentou que eu sabia o que era aquilo. Ser abandonado.
A peça mostra Roberto e Priscila conversando na casa dele, com ele há mais de uma semana na fossa de ter sido abandonado - comento hambúrguer e bebendo whisky sem parar. Com o cheiro característico. Apesar do George Foreman, o grill poder fazer legumes.
A nova peça do Marião como que corresponde o desenlace dessa trilogia de que fazem parte Borrasca e A Pior das Intenções, a primeira só com homens, a segunda só com mulheres. Em ambas peças (as duas anteriores), a questão dos relacionamentos está patente - mas ainda com alguma expectativa a esse respeito. Em Borrasca, Gabriel comenta como se sentiu após ter sido traído pela mulher com o amigo recém-morto. Em A Pior, a escritora coloca em xeque mate o relacionamento com a amiga que despreza seu ofício sem saber como ele se originou e em que medida a amizade está em jogo o tempo todo. Elas comentam relacionamentos, mas mais num prisma de superficialidade. Já em Whisky, a questão está naquilo que resta após o fim. O que se busca depois que tudo acaba e que nada fica. O que se espera, afinal, da vida nessas situações específicas?
A peça é essencialmente texto, e ele como sempre capta forte atração por parte do espectador. As músicas abrem panoramas, clareiras, em meio a tudo o que se desenrola, e somos conduzidos por bifes que parecem haver saído não de dois seres, mas de um e de todos simultaneamente. O fim é a saudade. É lindo.
Comento brevemente um detalhe. Apareceu um global para assistir. Estranho como o fato de ele ser personalidade acaba por isolar essas pessoas do seu entorno. Todos ou quase todos o evitam. E não sabemos afinal se ele se sente realmente à vontade. É estranho.
A peça toda quarta, 21h30, frei caneca, 384.
Mal imaginaria que ela iria me causar uma síncope. Não exagero. Eu comentei com ele: pôxa, Marião, justo sobre isso e comigo aqui, assistindo de camarote? Pois é. Ele comentou que eu sabia o que era aquilo. Ser abandonado.
A peça mostra Roberto e Priscila conversando na casa dele, com ele há mais de uma semana na fossa de ter sido abandonado - comento hambúrguer e bebendo whisky sem parar. Com o cheiro característico. Apesar do George Foreman, o grill poder fazer legumes.
A nova peça do Marião como que corresponde o desenlace dessa trilogia de que fazem parte Borrasca e A Pior das Intenções, a primeira só com homens, a segunda só com mulheres. Em ambas peças (as duas anteriores), a questão dos relacionamentos está patente - mas ainda com alguma expectativa a esse respeito. Em Borrasca, Gabriel comenta como se sentiu após ter sido traído pela mulher com o amigo recém-morto. Em A Pior, a escritora coloca em xeque mate o relacionamento com a amiga que despreza seu ofício sem saber como ele se originou e em que medida a amizade está em jogo o tempo todo. Elas comentam relacionamentos, mas mais num prisma de superficialidade. Já em Whisky, a questão está naquilo que resta após o fim. O que se busca depois que tudo acaba e que nada fica. O que se espera, afinal, da vida nessas situações específicas?
A peça é essencialmente texto, e ele como sempre capta forte atração por parte do espectador. As músicas abrem panoramas, clareiras, em meio a tudo o que se desenrola, e somos conduzidos por bifes que parecem haver saído não de dois seres, mas de um e de todos simultaneamente. O fim é a saudade. É lindo.
Comento brevemente um detalhe. Apareceu um global para assistir. Estranho como o fato de ele ser personalidade acaba por isolar essas pessoas do seu entorno. Todos ou quase todos o evitam. E não sabemos afinal se ele se sente realmente à vontade. É estranho.
A peça toda quarta, 21h30, frei caneca, 384.
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