Os insights durante os ensaios de Esperando Godot, pela Garagem 21, do César Ribeiro, e as influências advindas do pessoal que lá frequenta, levaram a que me deixasse atrair pela arte contemporânea (quadros, esculturas, performances, etc.). Não que ela não me fosse atraente antes. Era. Ocorre que não me sentia à vontade de inferir por conta própria insights relativos à arte plástica (considero o teatro uma arte plástica) sem necessariamente passar por leituras que pareciam brecar minha criatividade - como por exemplo as discussões sobre teatro pós-dramático. Não que não viremos a discuti-las. Mas elas não me brecam mais, e as indicações do César trouxeram-me bastante ar puro (além do fato de que não considero que pensar ocorra em solidão, pensar nós o fazemos em conjunto e quase em conluio). Bom, comecei a comprar livros sobre arte contemporânea brasileira (só me falta o do Mammi, além de alguns outros clássicos) e a lê-los sofregamente. Aconteceu em meio às leituras que vim me deparar com uma curiosidade, que seria a importância do filósofo da arte Arthur Danto nas questões de arte contemporênea. Eu me lembrava de tê-lo lido, no caso num livrinho sobre o Warhol. Mas ele não me deixou uma impressão muito forte. Achei meio fácil demais. Daí que reparei que uma editora - a Autêntica - lançara um livro com ensaios dele. Aproveitei para pedir-lhes. E eles me mandaram o livro. Mas, ao lê-lo, vi o quanto não era tão fácil assim avançar, daí que comecei a procurar na web outras referências sobre ele - e achei muitas, em especial uma, que comecei a ler no ônibus praticamente, que mostra a contribuição pontual do filósofo nas discussões sobre arte. Daí que chegamos aonde eu queria chegar - qual seja, o que é a arte contemporânea? Como classificá-la? Como entendê-la? Para entender, por exemplo, figuras como as que estiveram no CCBB como Koons, Rauschenberg, etc., Warhol, Basquiat, sem que eu precisasse ler tudo sobre eles - e venho tentando. Pois então, onde estou agora? Com ensaios outros, em inglês principalmente, do próprio Danto, face o livro da Autêntica e face contribuições em larga escala que pesco aqui e acolá. Mas isto aqui, o que é? Uma resenha. Tudo isso para começar esta resenha.
Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm...
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