Eu havia visto Kerouac no CCSP há vários anos. Na época, eu tentava fazer com que o teatro entrasse na minha vida de alguma forma indelével. Assistia algumas peças, sempre sozinho (minha esposa odiava), e saía fora sempre de fininho.
Agora vi Kerouac novamente. Com o mesmo Marião.
À época de outrora, minha ligação com o Kerouac e a geração beat, ou seus maiores expoentes, era rasteira. Não sabia quase nada do dito cujo, nem havia lido que seja trechos de On the road, nem sabia a importância de Burroughs, Guinsberg ou mesmo do Neal na vida do dito. Na verdade, só relativamente recente é meu encontro com a vida dele, e com sua obra.
Como poderia não ficar assim tão afastado, se nada de minha vida tinha alguma parca relação com o estilo de vida de homens dedicados à literatura a ponto de sacrificarem virtualmente tudo por ela. Eu tinha meus arroubos literários, como todos, mas nada que pusesse meu estilo de vida a perder. Nem saber beber eu sabia (por traumas pessoais). E venhamos e convenhamos até hoje eu não sei até que ponto minhas referências realmente redundam a cair neles ou em outros sujeitos dedicados à literatura. Eu sempre fui muito mainstream, embora um mainstream de terceira categoria.
Desta vez foi diferente. Estou envolvido até a medula no teatro. Ora atuando - pela indicação e batuta do Marião -, ora tentando me dedicar de diversas outras formas, escrevendo cenas para minhas garotas (o grupo Garotas do Contrera), ou para a quintas em cena (ainda chego lá), ou vendo se consigo entender algo da técnica envolvida na trama toda. Além de amizades que se estendem por muitas léguas e que me fazem beber de outras fontes ligadas ao teatro.
Ou seja, desta vez chego a Kerouac sabendo um pouco melhor do drama. Do drama de dedicar-se ao metier dos excluídos, dos que se esgoelam para tentar sobreviver num mundo dominado pela grana e pelos valores deturpados que nos fazem ver as pessoas de cima a baixo ao invés de em suas solenes palavras.
Cara, eu estava preparado. Eu já sabia que era foda. Eu já sabia que o Marião ia ceder seu rim para fazer o papel nos tirar do sério. Mas eu não estava preparado. O texto, as referências, desta vez eu conhecia. E sentei bem na primeira fila para ver os detalhes que tanto me agradam. Mas caí duro de tristeza. Não consegui me distanciar. Não consegui ter sangue-frio. Só não chorei não sei por quê. Senti a mim mesmo tão desapiedadamente afastado de uma vida beata à la Kerouac que quase me escondo por baixo da cadeira. O drama do sujeito deve ter sido foda, foda mesmo. E o Marião fez jus a tudo o que faz, mais uma vez. Me fudi. Fiquei me sentindo um trapo ao final das contas.
Não consegui ficar lá fora desta vez. Precisava de um ar. Precisava conversar. Tentar esquecer. Para melhor relembrar.
Agora vi Kerouac novamente. Com o mesmo Marião.
À época de outrora, minha ligação com o Kerouac e a geração beat, ou seus maiores expoentes, era rasteira. Não sabia quase nada do dito cujo, nem havia lido que seja trechos de On the road, nem sabia a importância de Burroughs, Guinsberg ou mesmo do Neal na vida do dito. Na verdade, só relativamente recente é meu encontro com a vida dele, e com sua obra.
Como poderia não ficar assim tão afastado, se nada de minha vida tinha alguma parca relação com o estilo de vida de homens dedicados à literatura a ponto de sacrificarem virtualmente tudo por ela. Eu tinha meus arroubos literários, como todos, mas nada que pusesse meu estilo de vida a perder. Nem saber beber eu sabia (por traumas pessoais). E venhamos e convenhamos até hoje eu não sei até que ponto minhas referências realmente redundam a cair neles ou em outros sujeitos dedicados à literatura. Eu sempre fui muito mainstream, embora um mainstream de terceira categoria.
Desta vez foi diferente. Estou envolvido até a medula no teatro. Ora atuando - pela indicação e batuta do Marião -, ora tentando me dedicar de diversas outras formas, escrevendo cenas para minhas garotas (o grupo Garotas do Contrera), ou para a quintas em cena (ainda chego lá), ou vendo se consigo entender algo da técnica envolvida na trama toda. Além de amizades que se estendem por muitas léguas e que me fazem beber de outras fontes ligadas ao teatro.
Ou seja, desta vez chego a Kerouac sabendo um pouco melhor do drama. Do drama de dedicar-se ao metier dos excluídos, dos que se esgoelam para tentar sobreviver num mundo dominado pela grana e pelos valores deturpados que nos fazem ver as pessoas de cima a baixo ao invés de em suas solenes palavras.
Cara, eu estava preparado. Eu já sabia que era foda. Eu já sabia que o Marião ia ceder seu rim para fazer o papel nos tirar do sério. Mas eu não estava preparado. O texto, as referências, desta vez eu conhecia. E sentei bem na primeira fila para ver os detalhes que tanto me agradam. Mas caí duro de tristeza. Não consegui me distanciar. Não consegui ter sangue-frio. Só não chorei não sei por quê. Senti a mim mesmo tão desapiedadamente afastado de uma vida beata à la Kerouac que quase me escondo por baixo da cadeira. O drama do sujeito deve ter sido foda, foda mesmo. E o Marião fez jus a tudo o que faz, mais uma vez. Me fudi. Fiquei me sentindo um trapo ao final das contas.
Não consegui ficar lá fora desta vez. Precisava de um ar. Precisava conversar. Tentar esquecer. Para melhor relembrar.
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