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Tríptico (de Samuel Beckett) (dir. Roberto Alvim)

fazia muito tempo que não assistia alvim.
sim, assim mesmo se diz, assistir alvim.
pois quem assiste uma vez o dito já sabe esperar o que lhe espera. tem marca.
e fazia também bastante tempo que não assistia beckett.
não em ensaios, que isso tem acontecido bastante - godot, no caso. (graças ao césar)
em peça. em finalmentes.
demoro para entrar na cabeça, em sua cabeça.
são três textos - para o pior avante, companhia e mal visto mal dito. traduzidos pelo próprio alvim. não cotejei nada. nem teria como.
a proposta de cair fundo no túnel do desespero - em meio a vislumbres das paredes do buraco negro - faz com que - bem ao meu gosto, mas algo que não consigo (ainda) fazer - o detalhe da interpretação avizinhe o céu e o inferno de quem se põe no lugar. nada de empatia, contudo. nada de einfühlen.
três mulheres - galdino, spinelli, timberg - com as quais descemos.
mas algo da saliva passa por mim batido. não consigo embarcar no grito. não consigo entender como a palavra pode se tornar trovão - em beckett. não que não se torne. eu simplesmente não consigo.
a garota spinelli fica à esquerda e seus olhos e boca hipnotizam. algo que traz alguma paz, envolto em brumas - de recordações, de dores, de travessias que me fazem retomar as minhas próprias.
timberg termina o teletransporte ao ser humano que aparece como um esqueleto de algo sobrehumano. uma espécie de tiranossaurus rex de nós mesmos. o timbre de timberg me agrada sobremaneira e com ele consigo adentrar um pouco mais em mim mesmo.
adoro tudo. mas entendo pouco. entender no sentido mais amplo, claro. não se entende teatro, entende.
ao final, ela chorava. olhos marejados. demorou para se levantar. conversamos. olhar fixo.
nos despedimos na república - após sermos conduzidos por aquele microônibus.
tanto, tanto, tanto.

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