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Eduardo Fukushima - Canto (performance, Teatro Viga, 6 e 7 de outubro de 2007)

Um homem pequeno, de 1,50m aproximadamente, sentado em um de quatro banquinhos que demarcam os vértices de uma sala retangular. Tremendo de forma inusitada: sem o movimento dos ossos. O homem abre os olhos de repente. Amarfanha-os incessantemente, um após o outro. Novamente, para depois os dois, juntos. Algo obriga o homem a levantar o braço direito. Afunda-se em seguida em seu respirar. Duas vezes. Os bancos são deslocados: com cuidado. Para depois serem depositados mais ao centro da sala, com violência. Algo incomoda o homem, que reage com golpes de ataque e fuga. Movimentos complexos de kung-fu/tai chi/chi kun habitam no interior do homem, que em meio aos espectadores ataca algo que o atinge - por dentro. Mas o
homem quer fugir: pelos vértices. Pelos vértices. Como por dentro de espelho que nada engloba. Pula e quer fugir. Seguidas vezes. O homem pára. Desloca os bancos aos vértices: com cuidado. Remete-se ao banco inicial. Tremendo.
Eduardo Fukushima é dançarino. Achou a tremedeira sem querer. Estava nervoso antes de uma apresentação. Reparou que a tremedeira vinha dele mesmo, deslocando-a ao solo, que a devolvia, amplificada. Tornou-se mote. Que encontrou os golpes de ataque e fuga sem querer, revelando-se com impacto. Eduardo tem certa dificuldade em falar: não chega a gaguejar - pára na primeira sílaba até, poucos segundos depois, completar sua palavra. Não fala palavras em vão. Como não faz gestos vazios. Diz que é violento: consigo. A performance de Eduardo Fukushima, originalmente desenvolvida para apenas um vértice, foi adaptada especialmente à sala do Viga.

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