Texto: Seis quadros, inspirados na obra de Caio Fernando Abreu, sobre despedidas ou o ruir dos mundos antes, durante e após um adeus (ciao). Quadros que desenvolvem tramas de amores inconfessos (Diego Torraca e Guilherme Gorski), platonismos arrependidos (Cintia Rosini), incompatibilidades (Silvana Lins e Guilherme Gonzalez), cinismos destrutivos (Diego Torraca e Guilherme Gonzalez), invisibilidade autoaniquiladora (Raiani Teichmann) e autodestruições acompanhadas (Guilherme Gorski e Silvana Lins). Os quadros revelam embates que sempre transitam entre o trágico e a comédia, a depender do envolvimento e da empatia. Fica a pergunta: acaso não há ciaos amigáveis? O caráter soturno de algumas situações parece existir
para confirmar o ditado tão batido de Sartre: acaso o inferno são os outros? Geralmente ágil, o texto requer, em alguns quadros, a construção de situações (por exemplo, em "cinismos destrutivos") em que torna-se até certo ponto difícil o entendimento imediato. Pontos fortes: "amores inconfessos" e "invisibilidade autoaniquiladora".
Cenário: O espaço (Instituto Capobianco) mescla três ambientes. Postem-se onde quiserem, diz à platéia o diretor, Ruy Filho. Mas as almofadas já estão postas, e ouve-se que não se pode mudá-las. A platéia fica à vontade, no meio, mas espremida, também. A visibilidade e a audição é prejudicada para quem fica nas almofadas. O cenário praticamente não inclui adereços fixos, incluindo roupas, livros e penas. Os atores pedem caneta, documentos, chaves à platéia sem bem se saber por quê (busca de maior empatia?).
Atuações: Irregulares. Em "amores inconfessos", Gorski sobressái com simplicidade (as entradas no mar são extraordinárias por tudo o que pressupõem dizer) e Torraca sai-se bem em diversos momentos de fragilidade. Em "platonismos arrependidos", Rosini alterna momentos em que o texto distrái por excessivamente prolixo, requerendo forte imaginação, e instantes de grande lirismo. "Incompatibilidades" deixa a dever em compreensão (um pouco pela má audição) e entonação de alguns diálogos. "Cinismos destrutivos" cria diversos miniquadros que levam a fácil confusão. É aparentemente o quadro mais fraco, por superficialidade dos embates e das soluções encontradas. "Invisibilidade autoaniquiladora" explora a fragilidade da mulher que
se sabe abandonada sem saber por quê, com alternância de pontos fortes (com direito a risadas da platéia) e um pouco confusos. "Autodestruições acompanhadas", lido por atores que não encenam, aparece parcialmente à margem dos movimentos dos atores.
Direção: Algo parece relutar a dar unidade cênica a todos os quadros, em geral bem construídos. Pode ser o ambiente, a irregularidade dos textos ou as atuações. Fica um clima de intimidade parcialmente explorada, mesmo dado o desenlace dos quadros. A iluminação por vezes parece "esquecer" os personagens no meio da platéia. As transições entre os quadros, ora de um lado ora de outro da platéia, afasta ainda mais o espectador de cumprir uma unidade cênica. Trabalhar ao rés do chão, o que por um lado aproxima o espectador do caráter humano do personagem, aproxima-o por vezes um pouco demais do asco da relação sendo mostrada (isso
torna-se interessante, também).
para confirmar o ditado tão batido de Sartre: acaso o inferno são os outros? Geralmente ágil, o texto requer, em alguns quadros, a construção de situações (por exemplo, em "cinismos destrutivos") em que torna-se até certo ponto difícil o entendimento imediato. Pontos fortes: "amores inconfessos" e "invisibilidade autoaniquiladora".
Cenário: O espaço (Instituto Capobianco) mescla três ambientes. Postem-se onde quiserem, diz à platéia o diretor, Ruy Filho. Mas as almofadas já estão postas, e ouve-se que não se pode mudá-las. A platéia fica à vontade, no meio, mas espremida, também. A visibilidade e a audição é prejudicada para quem fica nas almofadas. O cenário praticamente não inclui adereços fixos, incluindo roupas, livros e penas. Os atores pedem caneta, documentos, chaves à platéia sem bem se saber por quê (busca de maior empatia?).
Atuações: Irregulares. Em "amores inconfessos", Gorski sobressái com simplicidade (as entradas no mar são extraordinárias por tudo o que pressupõem dizer) e Torraca sai-se bem em diversos momentos de fragilidade. Em "platonismos arrependidos", Rosini alterna momentos em que o texto distrái por excessivamente prolixo, requerendo forte imaginação, e instantes de grande lirismo. "Incompatibilidades" deixa a dever em compreensão (um pouco pela má audição) e entonação de alguns diálogos. "Cinismos destrutivos" cria diversos miniquadros que levam a fácil confusão. É aparentemente o quadro mais fraco, por superficialidade dos embates e das soluções encontradas. "Invisibilidade autoaniquiladora" explora a fragilidade da mulher que
se sabe abandonada sem saber por quê, com alternância de pontos fortes (com direito a risadas da platéia) e um pouco confusos. "Autodestruições acompanhadas", lido por atores que não encenam, aparece parcialmente à margem dos movimentos dos atores.
Direção: Algo parece relutar a dar unidade cênica a todos os quadros, em geral bem construídos. Pode ser o ambiente, a irregularidade dos textos ou as atuações. Fica um clima de intimidade parcialmente explorada, mesmo dado o desenlace dos quadros. A iluminação por vezes parece "esquecer" os personagens no meio da platéia. As transições entre os quadros, ora de um lado ora de outro da platéia, afasta ainda mais o espectador de cumprir uma unidade cênica. Trabalhar ao rés do chão, o que por um lado aproxima o espectador do caráter humano do personagem, aproxima-o por vezes um pouco demais do asco da relação sendo mostrada (isso
torna-se interessante, também).
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