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Arte como questão - Anos 70/ Projeto Da Visualidade ao Conceito

O humor parece ser um dos grandes diferenciais da geração "do que ainda hoje denominamos arte contemporânea", a arte brasileira surgida entre a Nova Objetividade (1967) e a XVI Bienal de São Paulo (1981). Coberta pela exposição Arte como questão, no Instituto Tomie Ohtake (6/9 a 28/10), essa geração parece assim carregar consigo até hoje (passados quase 40 anos) esse fundamental e inelutável fruto do mero "exercício experimental da liberdade". Uma liberdade que, apesar de sempre resvalar em crítica social, comprometimento e resistência, poucas vezes deixa de incutir um sorriso em quem participa vendo, desfrutando ou mesmo entrando em jogos libertadores.
São 98 os artistas representados na exposição, com obras apoiadas em substratos e intenções amplamente diversificadas. Quarta mostra desse tipo apresentada no Instituto (as outras: "Pincelada - Pintura e Método, Projeções da Década de 50", "A Geração da Virada ou 10+1 - Os Anos Recentes da Arte Brasileira" e "80/90 Modernos, Pós-Modernos etc."), "Arte como questão - Anos 70" fecha o ciclo combinado dispondo ao público uma variedade e qualidade assombrosas de materiais de forma muito organizada e sucinta. Mais do que nunca, porém, fazem falta visitas guiadas para o público, que no evento acaba por ter apenas, como referências históricas, facsímiles das capas de grandes jornais num dos cantos da exposição.

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