Pular para o conteúdo principal

e eu, que deixei de acreditar

a tati arrasa cantando em francês. o gui aposta em peça juvenil. o gerald continua seu périplo, com seus saltimbancos ingleses. o ruy, acho que no méxico. a lilian, convidando-me para roberto zucco. a lulu, dando o sangue lá no interior (como gostaria de assistir ao que faz - gosto desse negócio de passar o bastão, ou seja, de ensinar). talvez tenha esquecido alguém. paciência.


e eu, nisso tudo?

não fui ao espetáculo da tati. devo ter visto n vezes menções no facebook, pelo gui, sobre a peça que estrela (música para cortar os pulsos). e li no estado - mandei parabéns a ele. agora mesmo ele está para atuar (221h). assisti duas vezes ao gerald, mas não me animou muito. acompanho o ruy de longe, mas não consigo entrar em suas discussões. a lilian, muito simpática, me perdoa por não ter ido ainda ver a peça.

(pausa. tem o jaguar cibernético, em que boto fé, mas que não posso ver por enquanto)

vários ex-atores do gerald estão também por aí, apostando em suas carreiras. mas e eu, acredito em algum deles, em algo que vejo?

não.

deixei de acreditar.

lembro-me quando o gerald fazia questão de que eu assistisse seus espetáculos - o último sobre o qual falamos foi o luar trovado, apenas uma única vez, e eu não fui. tentei também assistir a bait man, mas era no rio, e a grana, então não deu.

o gerald até queria me apresentar ao nanini. olha só.

hoje nado sozinho, lendo minhas coisas, escrevendo no blog que toco com meus ínfimos meios, entrando no facebook para ver algo que me anime. mas o fato é que deixei de acreditar. talvez em mim mesmo.

por outro lado, deixo me influenciar - demais - pelas opiniões da mídia, basta ver nos jornais que eu me animo. não confio em meu feeling. fico sempre à mercê dos outros. um hipócrita.

aqui ao meu lado quatro livros, a dança da realidade de alejandro jodorowsky (devir), jung, o mapa da alma, do stein (cultrix), valère novarina, diante da palavra (7 letras) e lua e alma, de mya santel (novo espaço). poderia me estender linhas a fio sobre meu relacionamento com cada um deles. mas isso não importa. importa que, do meu jeito, em todos eles acredito de alguma forma. tanto que os consigo nas editoras. mas, e com relação a pessoas concretas, a atores, autores, como é que fica?

prefiro sempre ficar só.

sonho acordado ao imaginar minha sacrifice (peça que está na metade). digo ao raffa que dia
desses estará pronta (mas é tão difícil). imagino também apostar numa peça sobre os antigos, falando de morte. mas não saio da vontade. cheguei a pedir a tradução de diálogos dos mortos, do luciano, a uma professora da unesp (acho), e ela mandou. mas não me animei. nem mesmo lendo uma adaptação norte-americana que me saiu o olho da cara.

lá na editora onde trabalho, uma colega cresce a olhos vistos. porque acredita. eu meio que cansei. busco todo dia acreditar nisso ou naquilo, mas só consigo pensar que, comigo, só em meu
próprio empreendimento. assisto palestras sobre jornalismo investigativo e fico de queixo caído. mas não consigo avançar aqui comigo, nos meios que tenho.

compro jornais todo dia, e não consigo ler nenhum deles.

é como o gerald diz. i can't go on, i must go on.

gostaria de pedir desculpas a todos os que citei. mas não tenho como. queria apoiá-los como merecem, mas mesmo aceitando acabrunhado todo o valor e os valores do que fazem, eu mesmo assim não acredito. em quê, não sei. por quê, menos ainda.

teria de fingir. e isso não quero fazer. não mesmo. prefiro manter a face que todos conhecem. como se eu quisesse fazer parte SEM ESTAR LÁ. quem sabe assim eu me aguentasse. vamos então à pecinha. pois é nela que quero me soltar, de repente. como antes, quando quase joguei cadeiras na multidão, como quase arrebento espelhos enormes. como um noia, um doido sem pé nem cabeça.

acreditando ao menos em mim.

quem sabe.

Comentários

Anônimo disse…
RODRIGO LEON:

A VIDA VIBRA EM CÓDIGOS, JA OS PINTOU DA VINCI....E SABIA LA ATRAZ NOS CONFINS...NOS ESTAMOS EM 2011, MAS O QUE EH 2011? EH NADA DO NADA, O TEMPO EH UM TRUK DE FANTASIA NADA MAIS!E CANSAMOS, CANSAMOS QUANDO ENXERGAMOS O GRANDE TRUK,TUDO EH UM JOGO. EU AINDA COM 33 ANOS NAO ME ADAPTEI.. POR ISTO CA ESTOU EU SEM A MINIMA CHANCE DE EVIDENCIAR MINHA ARTE, E TENHO TANTO A DIFUNDIR, E VOU LEVAR MINHA ARTE PARA A TUMBA! SEM NUNCA A EXPOR! NAO CANSEI DE MIM E ACHO QUE VC NAO DEVERIA CANSAR DE VC. APENAS ESTAMOS FORA DO JOGO!
Contrera disse…
tai, gostei. nao, JO, eu nao me cansei, nao, simplesmente admito que em algo deixei de acreditar... mas valeu!!!!!

Postagens mais visitadas deste blog

Gargólios, de Gerald Thomas

Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm...

4.48 Psicose (peça de Sarah Kane, tradução de Laerte Mello)

Há realmente algo de muito estranho e forte nesta última peça da Sarah Kane. E não é porque ela se matou em seguida, aos 28 anos. O assunto é claro desde o começo: uma depressão mortal. É como se fosse um testamento. Muitos lados da questão são expostos de forma esparsa - não sei se todos nem se isso afinal é possível -, e ao final da leitura a gente fica com um sabor amargo na boca. Dá vontade de reler, muito embora passe o desejo de decifrar. Isto torna-se secundário, aqui. Há algo que permanece, e creio que isso se deva à qualidade do que é feito e à integridade do que é dito. Pego por exemplo, já na primeira página: "corpo (...) contém uma verdade que ninguém nunca fala". É óbvio do que se trata: da extrapolação do fisiológico, de uma lógica de que por mais que se tente diagnosticar "nunca se fala". Abre-se uma porta à compreensão disso que não sabemos muito bem o que é. A força de "Lembre-se da luz e acredite na luz/ Um instante de claridade antes da ...

(Em) Branco (de Patricia Kamis, dir. Roberto Alvim, Club Noir, 3as a 5as durante o mês de agosto)

Fui à estreia da segunda peça da leva de oito novos selecionados que o Alvim vai encenar municiado de sua leitura na noite anterior. Esperava ver algo relativamente tradicional e nutria um certo receio de déja vu. A atriz e os dois atores permanecem estáticos em quadrados iluminados por baixo. O caráter estático não se refere apenas ao corpo em contraponto com o rosto, mas também a este, mutável apenas (e repentinamente) por expressões fugazes. Os olhares permanecem fixos. O texto segue a ordem 1, 2, 3 (segundo o Alvim, emissores mas não sujeitos), que eu imaginava que iria entediar. As falas são ora fugazes ora propositalmente lentas e sua relação tem muito a ver com o tempo assumido em um e outro momento. Não irei entrar no âmago da peça. Nem irei reproduzir o que a própria autora, o dramaturgo Luciano Mazza e o próprio Alvim disseram no debate posterior a ela. Direi apenas que durante ela nossa sensibilidade é jogada de um lado a outro num contínuo aparentemente sem fim sem c...