por que teatro? por que não algo mais viável? por que não algo menos efêmero, que deixe algum registro que não na alma dos ditos cujos, que nunca se dizem aliás?
há dias li em algum lugar a descrição de um sujeito que ao subir ao palco reparou que era lá onde ele queria sempre estar. acho que foi o jodorovski, o chileno cultuador do tarô. pois é. foi assim que eu me senti a primeira vez que encarei a todos lá, no sesc vila mariana. o ato haveria de se repetir uma vez. mas desta eu já estava preparado. o negócio havia perdido a graça. vai entender.
o armando (antenore) me pergunta se ainda escrevo para teatro. escrevo, sim, armando, como não. mas deveria também lhe dizer que isso, escrever, às expensas do fato de que a vida vai de mal a pior, a grana pouca, a estima menos, e os caminhos, raros e quando existentes árduos a não mais poder. sei que faço parte da tradição, ao ser tudo assim. o teatro foi e ainda é o recanto dos fracassados, daqueles que só podiam mesmo confiar no palco para darem vazão aos dilemas que os consumiam. estou bem acompanhado? pois é. sei lá. não sei se quero fazer parte dessa trupe.
meus escritos sobre teatro já não contam tanto, mais expõem, quero imagens, quero combinações mutantes, a passar significados tênues e estranhos. foi lendo sobre wilson que percebi que podia tudo. tudo. não preciso me ater a nada. tudo pode ser simplesmente o que é.
mas a própria ascendência me afasta. não faço parte dessa nem de nenhuma tradição, não quero fazer parte. a própria noção de estar num lugar me enoja. quero ficar limitado a mim mesmo. quero que a expressão apenas descambe em MINHA fruição. não tô nem aí para o público. qual o quê, sempre gente que a gente mal conhece. há exceções, claro, mas.
lembro da platéia (exígua) que compareceu às 6h (da manhã!) para assistir o nascimento de um palhaço. nunca nada quis dizer menos. não me lembro muito bem. mas não havia movimento algum. só todo mundo junto ouvindo - ou pretendendo ouvir - algo que mal saía do meu notebook. depois, um sujeito da tv cultura me perguntou o que eu achava de estar nesse horário. não sei o que disse. mas levei a sério demais. não ligava e não ligo a mínima. sucesso?
e as cinco pessoas que assistiram minha última peça (de cujo nome nem me lembro, aliás?) deixa eu procurar... ah, sim, mas tudo foi apenas um sonho. o raffa e eu. e o ruy assistindo (ainda hoje, obrigado). e o nada em conta-gotas. e o comentário do ruy. e a sensação de um peso ter sido retirado de minhas costas. o peso de parte de minha história. lembro dos aplausos. poucos, mas sinceros. também, se nem aplauso tivesse... eu não ligava e não ligo mesmo, a mínima.
mas preciso do espaço do palco. para quê, eu não sei. preciso ESTAR LÁ. talvez como o kantor, como um regente sem partitura.
há dias li em algum lugar a descrição de um sujeito que ao subir ao palco reparou que era lá onde ele queria sempre estar. acho que foi o jodorovski, o chileno cultuador do tarô. pois é. foi assim que eu me senti a primeira vez que encarei a todos lá, no sesc vila mariana. o ato haveria de se repetir uma vez. mas desta eu já estava preparado. o negócio havia perdido a graça. vai entender.
o armando (antenore) me pergunta se ainda escrevo para teatro. escrevo, sim, armando, como não. mas deveria também lhe dizer que isso, escrever, às expensas do fato de que a vida vai de mal a pior, a grana pouca, a estima menos, e os caminhos, raros e quando existentes árduos a não mais poder. sei que faço parte da tradição, ao ser tudo assim. o teatro foi e ainda é o recanto dos fracassados, daqueles que só podiam mesmo confiar no palco para darem vazão aos dilemas que os consumiam. estou bem acompanhado? pois é. sei lá. não sei se quero fazer parte dessa trupe.
meus escritos sobre teatro já não contam tanto, mais expõem, quero imagens, quero combinações mutantes, a passar significados tênues e estranhos. foi lendo sobre wilson que percebi que podia tudo. tudo. não preciso me ater a nada. tudo pode ser simplesmente o que é.
mas a própria ascendência me afasta. não faço parte dessa nem de nenhuma tradição, não quero fazer parte. a própria noção de estar num lugar me enoja. quero ficar limitado a mim mesmo. quero que a expressão apenas descambe em MINHA fruição. não tô nem aí para o público. qual o quê, sempre gente que a gente mal conhece. há exceções, claro, mas.
lembro da platéia (exígua) que compareceu às 6h (da manhã!) para assistir o nascimento de um palhaço. nunca nada quis dizer menos. não me lembro muito bem. mas não havia movimento algum. só todo mundo junto ouvindo - ou pretendendo ouvir - algo que mal saía do meu notebook. depois, um sujeito da tv cultura me perguntou o que eu achava de estar nesse horário. não sei o que disse. mas levei a sério demais. não ligava e não ligo a mínima. sucesso?
e as cinco pessoas que assistiram minha última peça (de cujo nome nem me lembro, aliás?) deixa eu procurar... ah, sim, mas tudo foi apenas um sonho. o raffa e eu. e o ruy assistindo (ainda hoje, obrigado). e o nada em conta-gotas. e o comentário do ruy. e a sensação de um peso ter sido retirado de minhas costas. o peso de parte de minha história. lembro dos aplausos. poucos, mas sinceros. também, se nem aplauso tivesse... eu não ligava e não ligo mesmo, a mínima.
mas preciso do espaço do palco. para quê, eu não sei. preciso ESTAR LÁ. talvez como o kantor, como um regente sem partitura.
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