(ensaio aberto de 23/09/2007; estréia no Teatro Viga sexta-feira, 28/09; até 18/11)
Longo (1h45), o ensaio aberto narra a história de Antoine, ao que parece espécie de alterego do autor (Martin Page), que, de discriminado por inteligente, busca inserção social e sucesso na vida. Page, que estará em São Paulo na estréia, usa com tal pretexto de artimanhas para desencavar questionamentos sobre o papel do intelectual (ou do homem mais do que medianamente inteligente) numa sociedade comandada pelo dinamismo dos interesses e da especulação monetária, emocional e sexual (dentre muitas outras). Daí o estúpido. Antoine
conclui que precisa ser um para conseguir sobreviver. Daí que apela a tudo, à bebida, à tentativa de suicídio, e à (auto)medicação de antidepressivos. Quem, dos viventes em grandes cidades, já não passou ao menos por cogitar alguma dessas alternativas? Não à toa o texto torna certas idéias, à primeira cara meras sandices, imediatamente atraentes a quem se dispõe a gozar de si mesmo. E isso o autor consegue. Ora por mexer com clichês instantaneamente empáticos ora por inventar novas soluções a partir de clichês realmente batidos. Claro que com isso a grande agilidade do texto faz o espetáculo correr certos (grandes) riscos: como, por exemplo, bater em clichês gastos (para uns, não para outros), dispersando esforços; ou, por outro lado, apostando em saídas realmente adequadas ao texto original (e às condições do autor) mas deslocadas da
realidade brasileira. Ambos riscos atingem o ensaio. A graça está em que, com a rapidez das cenas, um ou outro problema acabam dando imediatamente lugar a novas saídas. Para elas, contribuem em muito elementos importantes do cenário (ora uma tela circular que projeta artes feitas em computador, ora um armário metálico que serve ora de camarim, ora de base para encenações paradas ou em movimento), assim como a luz, que destaca um ou outro ator de forma a impactar pelo texto ou por certa dramaticidade de alguns esquetes. Jovens, os atores e atrizes (dois de cada) dividem o texto revezando-se na representação do próprio Antoine
ou de personagens em seu contraponto, e conseguem desenvolver um diálogo com a platéia apesar do aparente non sense de certas situações. A encenação em meio a uma platéia formada por quatro fileiras de cadeiras, duas em frente às outras, faz com que o espetáculo inclua os próprios espectadores, que podem avaliar a recepção do espetáculo, uns dos outros, o que torna a peça ainda mais cômica. Longo, o ensaio requer redução do tempo, que faz a atenção cair num e noutro momento, assim como tentativas de ainda maior empatia com a platéia, talvez em função do texto, estrangeiro, atual, mas ainda assim um pouco distante.
De 28/09 a 18/11Horário: sextas e sábados às 21h, domingos às 19h
Longo (1h45), o ensaio aberto narra a história de Antoine, ao que parece espécie de alterego do autor (Martin Page), que, de discriminado por inteligente, busca inserção social e sucesso na vida. Page, que estará em São Paulo na estréia, usa com tal pretexto de artimanhas para desencavar questionamentos sobre o papel do intelectual (ou do homem mais do que medianamente inteligente) numa sociedade comandada pelo dinamismo dos interesses e da especulação monetária, emocional e sexual (dentre muitas outras). Daí o estúpido. Antoine
conclui que precisa ser um para conseguir sobreviver. Daí que apela a tudo, à bebida, à tentativa de suicídio, e à (auto)medicação de antidepressivos. Quem, dos viventes em grandes cidades, já não passou ao menos por cogitar alguma dessas alternativas? Não à toa o texto torna certas idéias, à primeira cara meras sandices, imediatamente atraentes a quem se dispõe a gozar de si mesmo. E isso o autor consegue. Ora por mexer com clichês instantaneamente empáticos ora por inventar novas soluções a partir de clichês realmente batidos. Claro que com isso a grande agilidade do texto faz o espetáculo correr certos (grandes) riscos: como, por exemplo, bater em clichês gastos (para uns, não para outros), dispersando esforços; ou, por outro lado, apostando em saídas realmente adequadas ao texto original (e às condições do autor) mas deslocadas da
realidade brasileira. Ambos riscos atingem o ensaio. A graça está em que, com a rapidez das cenas, um ou outro problema acabam dando imediatamente lugar a novas saídas. Para elas, contribuem em muito elementos importantes do cenário (ora uma tela circular que projeta artes feitas em computador, ora um armário metálico que serve ora de camarim, ora de base para encenações paradas ou em movimento), assim como a luz, que destaca um ou outro ator de forma a impactar pelo texto ou por certa dramaticidade de alguns esquetes. Jovens, os atores e atrizes (dois de cada) dividem o texto revezando-se na representação do próprio Antoine
ou de personagens em seu contraponto, e conseguem desenvolver um diálogo com a platéia apesar do aparente non sense de certas situações. A encenação em meio a uma platéia formada por quatro fileiras de cadeiras, duas em frente às outras, faz com que o espetáculo inclua os próprios espectadores, que podem avaliar a recepção do espetáculo, uns dos outros, o que torna a peça ainda mais cômica. Longo, o ensaio requer redução do tempo, que faz a atenção cair num e noutro momento, assim como tentativas de ainda maior empatia com a platéia, talvez em função do texto, estrangeiro, atual, mas ainda assim um pouco distante.
De 28/09 a 18/11Horário: sextas e sábados às 21h, domingos às 19h
Comentários