soube por um post do marião do falecimento do fauzi arap.
é estranho, mas o fauzi adquirira tons de mito mesmo desde antes de ouvir falar dele pela boca do loureiro. e um mito como sempre inacessível. como se ele tivesse se trancado ao mundo. pelo menos era isso que eu podia inferir.
vez ou outra, via o nome dele num e noutro post e a curiosidade aumentava. mas o fato é que venho descobrindo que há pessoas e lições em direção das quais a gente não deve ir atrás.
ocorre porém que, se bem venho entendendo, algo do teatro do fauzi não me parece ser estranho.
pois, verificando o quanto é verdade que os mestres ditam o rumo do teatro por meio de seus pupilos, entendo que algo do método fauzi deve ter me sido cedido, com muita boa vontade, nas lições e no simples convívio com alguns de seus pupilos diletos que considero meus amigos.
a singeleza. o domínio do que faz. a educação. jamais levantar a voz. sempre compreender. a rigidez na atribuição do papel de cada um. a necessidade de exigir cada vez mais, sempre respeitando o ator, o técnico, todo mundo. a assunção de liberdade ao ator, para que ele possa fazer melhor o que deve. o companheirismo. a amizade. a cumplicidade.
tudo isso, quem sabe, tenha a ver com algo, apenas algo, que o fauzi deve ter passado adiante. predicados de gente que agora pega o bastão - tendo-o na mão faz tempo -, que se responsabiliza pelo teatro brasileiro de qualidade, que se sente só com o desaparecimento físico do mestre.
sim, o teatro é feito de exemplos. claro, em outras áreas, os exemplos também abundam. mas no teatro, creio eu, isso deva adquirir importância realmente suprema. pois é pelo exemplo que realmente se aprende. que realmente se aprende a defender o que tem valor. que se ama o que se faz acima de tudo em nome da arte.
não é novo o desaparecimento dos mestres da antiga geração. eles vão um a um dando lugar a um vazio. mas esse vazio são eles mesmos que o ocupam, por meio das lições que fizeram os seus diletos pupilos. o vazio que jamais está vazio, porque ele é a própria arte.
Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm...
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