Corações Under Rocks
Texto: Márcio Américo. Direção: Lúcia
Segall. Com: Nelson Peres e Márcio Américo.
55 min. 14 anos. CCSP. Sala Paulo Emilio Salles Gomes.
Existe, no variadíssimo elenco de peças que povoa os palcos paulistanos, e há tempos, uma proliferação de espetáculos de baixo orçamento em que o destaque está concentrado quase exclusivamente no texto, tendo como suporte o universo de uma certa platéia. Seja de autores estrangeiros, seja de autores nacionais pouco conhecidos, alguns desses espetáculos concentram sua atração em praticamente o mesmo mote que os já costumeiros stand-up que proliferam pelo centro e bairros: humor fácil e escatologia. Nesses espetáculos o enredo é então às vezes quase uma desculpa para os atores-comediantes brilharem - ou tentarem - sem com isso esgotarem os temas abordados. Corações Under Rocks, de Márcio Américo, encaixa-se nesse perfil de espetáculo.
Um reencontro de um autor premiado em sua juventude com um ator que hoje se dedica ao stand-up é o mote da peça. Elton (Márcio Américo) e Marcos (Nelson Peres) formavam, em Londrina, uma dupla autor/ator que, o próprio enredo conta, por pouco leva a trupe a uma bem-sucedida temporada na Europa. Mas algo acontece. A peça gira em torno a esse algo, pincelando aqui e acolá os ideais e decepções de uma geração que, nascida no meio da ditadura, cresceu nos anos 80 em meio a excessos que a Aids ajudou a destruir.
O problema está na verossimilhança da trama, que se propõe realista. Prometendo expor a vivência de uma geração que produziu "uma cena cultural muito rica", segundo a apresentação, a peça descamba, porém, em humor fácil e ausência de empatia dos personagens - muito embora eles sejam realmente risíveis. A tal ponto o bonde vai que em vários momentos não sabemos se os personagens estão realmente imbuídos de sua história e problemas ou se tudo não passa de uma farsa, uma desculpa para fazer rir. A peça vai e vem e fica-se sem saber em que direção. Ao final, a amizade permanece - a que custo, não se sabe. Com certeza não na proposta na apresentação: o ajuste de contas de uma geração - perdida ou não.
Avaliação: Regular
Texto: Márcio Américo. Direção: Lúcia
Segall. Com: Nelson Peres e Márcio Américo.
55 min. 14 anos. CCSP. Sala Paulo Emilio Salles Gomes.
Existe, no variadíssimo elenco de peças que povoa os palcos paulistanos, e há tempos, uma proliferação de espetáculos de baixo orçamento em que o destaque está concentrado quase exclusivamente no texto, tendo como suporte o universo de uma certa platéia. Seja de autores estrangeiros, seja de autores nacionais pouco conhecidos, alguns desses espetáculos concentram sua atração em praticamente o mesmo mote que os já costumeiros stand-up que proliferam pelo centro e bairros: humor fácil e escatologia. Nesses espetáculos o enredo é então às vezes quase uma desculpa para os atores-comediantes brilharem - ou tentarem - sem com isso esgotarem os temas abordados. Corações Under Rocks, de Márcio Américo, encaixa-se nesse perfil de espetáculo.
Um reencontro de um autor premiado em sua juventude com um ator que hoje se dedica ao stand-up é o mote da peça. Elton (Márcio Américo) e Marcos (Nelson Peres) formavam, em Londrina, uma dupla autor/ator que, o próprio enredo conta, por pouco leva a trupe a uma bem-sucedida temporada na Europa. Mas algo acontece. A peça gira em torno a esse algo, pincelando aqui e acolá os ideais e decepções de uma geração que, nascida no meio da ditadura, cresceu nos anos 80 em meio a excessos que a Aids ajudou a destruir.
O problema está na verossimilhança da trama, que se propõe realista. Prometendo expor a vivência de uma geração que produziu "uma cena cultural muito rica", segundo a apresentação, a peça descamba, porém, em humor fácil e ausência de empatia dos personagens - muito embora eles sejam realmente risíveis. A tal ponto o bonde vai que em vários momentos não sabemos se os personagens estão realmente imbuídos de sua história e problemas ou se tudo não passa de uma farsa, uma desculpa para fazer rir. A peça vai e vem e fica-se sem saber em que direção. Ao final, a amizade permanece - a que custo, não se sabe. Com certeza não na proposta na apresentação: o ajuste de contas de uma geração - perdida ou não.
Avaliação: Regular
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